Publicado em 26/01/2020 às 23:43, Atualizado em 27/01/2020 às 02:46

Na contramão de ranking nacional, Ponta Porã e Naviraí têm alta em homicídios

Pesquisa mostra queda nos índices dos 120 municípios mais violentos do País; Ponta Porã e Naviraí têm aumento

Da Redação, Ivi Hoje,
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Policiais no rodoanel de Ponta Porã, em 2019, em cena de violência que tornou-se corriqueira (Foto/Arquivo)

De 11 municípios de Mato Grosso do Sul que fazem parte da lista dos 120 mais violentos do País, dois deles - Ponta Porã e Naviraí - apresentaram aumento nos índices de homicídios entre 2018 e 2019. É o que mostra levantamento do jornal O Globo, evidenciando a dificuldade em se combater o crime nas regiões de fronteira.

Os números compreendem os períodos de janeiro a setembro de 2018 e 2019. A média mostra queda nos índices de mortes violentas. Esse grupo de 120 cidades registrou redução de 26,6% nos homicídios no ano passado, na comparação com 2018, de acordo com levantamento do O Globo a partir de dados sobre os municípios tornados públicos pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. No país inteiro, a diminuição foi de 21,9%.

De acordo com estimativas recentes do IBGE, 82,7 milhões de brasileiros vivem nesses 120 municípios. Entre janeiro e setembro do ano passado, essas cidades registraram 13.625 assassinatos, contra 18.070 no mesmo período de 2018. Já no país todo, o número caiu de 37.682 para 29.415.

Um fator importante na diminuição dos índices é a tentativa de desarticular o crime organizado, por exemplo, isolando de chefes de facções em presídios federais. Para o diretor do Instituto Cidade Segura, Alberto Kopittke, a redução dos conflitos entre grupos criminosos também influenciou a queda nos homicídios.

Dos 11 listados por Mato Grosso do Sul, nove apresentaram queda nos índices: Campo Grande (-32,5%), Dourados (-4,9%), Corumbá (-10,7%), Três Lagoas (-43,8%), Sidrolândia (-50%), Aquidauana (-55,6%), Maracaju (-33,3%), Nova Andradina (-40%) e Paranaíba (-100%).

Porém, o mapa dos homicídios mostra que o combate à criminalidade na região de fronteira ainda é desafio para o sistema de segurança pública do país. Ponta Porã já figurava no Atlas da Violência 2017 como ponto de ebulição, depois do assassinato de Jorge Rafaat, em 2016, em emboscada feita pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).

Na semana passada, 75 presos fugiram de uma cadeia em Pedro Juan Caballero, sob suspeita de conivência da direção da penitenciária. “Essa briga por poder e pelo protagonismo das ações criminosas na região levou à escalada da violência. É um movimento de luta pela hegemonia nas ações criminosas', avalia o coordenador-geral de fronteiras do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Eduardo Bettini.

O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Cleo Mazzotti, explica que a configuração da região atrai grupos criminosos. “É uma área de fronteira seca, sem obstáculos naturais ao trânsito de pessoas e produtos. O domínio do espaço é muito disputado em busca do lucro com tráfico de cocaína, maconha e contrabando de cigarro'.

Os dados do município refletem, na opinião de Tito Machado, especialista em fronteiras e pesquisador da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), a necessidade de comunicação entre as polícias dos dois países. “Não dá para combater o crime em Ponta Porã como em outro canto. Há necessidade de número maior de agentes dos dois lados da fronteira, necessidade de treinamento específico'.