Publicado em 25/01/2023 às 17:15, Atualizado em 26/01/2023 às 05:26
Aposentado fez o resgate e dois filhotinhos sobreviveram
Cachorrinha prenha não sobreviveu após ser enterrada viva em casa na Vila Bandeirantes. Dois dos três filhotinhos que nasceram embaixo da terra sobreviveram e estão sob cuidados de protetoras da causa animal, que acompanharam o resgate feito pelo aposentado Jelson Carlos da Silva, 53 anos. Os bombeiros estiveram no local, mas já não havia o que ser feito.
Jelson acusa do dono da cadelinha, que também mora na casa, de ter enterrado a cachorra viva. Ele conta que o animal costumava cavar buraco entre a parede e a parte de terra rente a casa, fato que irritava o tutor. Por isso, para tentar tirar o costume, eram usados métodos violentos, como esfregar o focinho da cachorra no local.
Embora não tivesse costume de ficar fora de casa, a vira-lata não apareceu quando foi chamada por Jelson às 6h da manhã desta quarta-feira (25). Sem achá-la, o aposentado foi ao trabalho do suposto tutor para questioná-lo. “Ele disse que não sabia onde ela estava. Falou que ela poderia ter fugido”, contou ao Campo Grande News.
“Fui ao médico e quando voltei, ela ainda não tinha aparecido, então fui de novo perguntar pra ele e a reposta foi de que talvez ela tivesse fugido e sido atropelada por um carro”, relatou. Sem se conformar, o responsável pelo resgate decidiu procurar onde a cachorrinha costumava cavar, pois justamente hoje o lugar amanheceu tapado e com um palete em cima.
“Quando eu comecei a cavar outra cachorrinha veio me ajudar. Isso me acendeu um alerta, mas começou a chover, então tive que parar. E a cachorrinha não, ela continuou cavando. Quando a chuva parou eu voltei a cavar e aí ouvi um chorinho”, diz ele se referindo ao choro dos cachorros que tinham acabado de nascer dentro do buraco em que a mãe foi enterrada viva.
A cadelinha não resistiu. Junto dela um dos filhotinhos também morreu, pois não chegou a sair totalmente de dentro dela. Outros dois já estavam nascidos e conseguiram respirar até que o resgate terminasse. A protetora Sônia Marly Gonçalves, 61 anos, chegou ao local no momento em que Jelson tentava tirar os cachorrinhos do buraco.
Ela contou que costumava ir até lá para alimentar os animais. “Às vezes eu fico 24 horas por aqui para dar de mamar para os cachorrinhos e vêm eles e fazem isso? Às vezes a gente fica até sem comer, não dá para entender isso”, desabafou. Veterinária ligada aos protetores verificou que não havia nenhum outro cachorro vivo na barriga da mãe.
Os cachorrinhos que sobreviveram ficarão com a diretora do Instituto de Proteção Ambiental de Mato Grosso do Sul, Daniela Matos, que também será a responsável por registrar boletim de ocorrência nesta quinta-feira (26).
De acordo com o investigador da Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista), Ciro Dantas, explicou que posteriormente o suposto autor será procurado e confirmada a autoria, processado.
Vale lembrar que o crime de maus-tratos tem pena de 2 a 5 anos de reclusão e, no caso específico, como o animal foi a óbito, pode ter agravantes que aumentam a punição. Equipe do CCZ (Centro de Controle de Zoonozes) recolheu o corpo da cachorrinha e a perícia irá apurar as causas da morte.
Outros dois cães, já idosos, que eram criados na mesma casa foram recolhidos por protetoras e levados do lugar para preservá-los.
Com imagens e informações do Campo Grande News