Publicado em 30/04/2019 às 11:26, Atualizado em 26/08/2022 às 16:39
Empresário afirma ter sido usado por servidor para descontar cheque emitido pela prefeitura, caso é investigado em sigilo pelo MP
Um cheque gigante emitido pela prefeitura, no valor de R$ 6.168,00, apareceu na manhã desta terça-feira (30) no canteiro central da Avenida Irineu de Sousa Araújo, em Nova Alvorada do Sul.
"Já se passou um ano e a impunidade continua! pelo fim da corrupção! Quantos cheques destes foram emitidos?”, diz a frase escrita abaixo do cheque simbólico.
A reportagem apurou que o protesto é feito pelo empresário Francelino Ruis Machado, dono de uma prestadora de serviços de manutenção, que em agosto de 2017 teria sido usado por um amigo, então funcionário da prefeitura, para descontar o cheque emitido pela prefeitura.
Desconfiado após descontar o cheque no banco e entregar o dinheiro ao amigo, Francelino denunciou o caso ao Ministério Público e um inquérito civil tramita em segredo de Justiça.
Cansado de esperar uma solução por parte do MP e da Câmara de Vereadores, onde também fez a denúncia, Francelino decidiu protestar nesta terça-feira e levar o caso ao conhecimento da população.
Francelino afirma que apesar de não ter feito nenhum serviço para o município, no dia 17 de agosto de 2017 ele foi procurado pelo servidor, que trabalhava no setor de TI (tecnologia da informação) da prefeitura, que teria lhe entregado o cheque, da conta oficial do Executivo no Banco do Brasil, aberta em janeiro de 2001.
O empresário afirma que foi até o banco para trocar o cheque para o amigo e no local o atendente de caixa teria afirmado que o cheque deveria estar nominal. Temendo um problema futuro, Francelino tirou uma foto do cheque e voltou à prefeitura para falar com o servidor, que no ato colocou o cheque nominal ao empresário e pediu para ele voltar ao banco e descontar a folha.
Mesmo já desconfiado com a história, Francelino foi ao banco, descontou o cheque e voltou até a prefeitura para entregar o dinheiro ao amigo servidor.
No dia 12 de abril de 2018, Francelino procurou o Ministério Público e contou a história para o promotor Mauricio Mecelis Cabral. Na denúncia, o empresário disse que chegou a procurar uma vereadora da cidade para contar o episódio e ela teria pedido para Francelino “esquecer” o episódio.
A reportagem apurou que o caso é investigado pelo inquérito civil 06.2018.00002437-3, mas não é possível acessar os detalhes da investigação no sistema de consulta de procedimentos do MP, já que o caso está em sigilo.
O prefeito Arlei Barbosa disse à reportagem que o protesto tem interesse político. "É a campanha eleitoral chegando. Investigamos o caso na prefeitura e tudo foi feito dentro da lei. O cheque foi emitido para pagar pelo serviço prestado por uma empresa. Se ocorreu alguma coisa na hora de descontar o cheque foi lá fora, não aqui na prefeitura".