Publicado em 22/04/2020 às 16:18, Atualizado em 30/11/2022 às 00:06
Eles chegaram para trabalhar nesta quarta e foram informados do desligamento; maioria dos demitidos são idosos
A CG Solurb, empresa responsável pela coleta de lixo em Campo Grande, demitiu mais de 200 funcionários nesta quarta-feira (22). Segundo os trabalhadores, a empresa alegou não ter condições de arcar com os pagamentos neste período de crise causada pela pandemia do coronavírus e optou pelo desligamento principalmente dos idosos.
Quando chegaram na empresa, os funcionários foram separados em dois grupos. Mais de 200 deles participaram de uma reunião enquanto os outros 160 começaram a realizar coleta e varrição na cidade.
Na reunião, o grupo que havia retornado das férias antecipadas, concedidas pela empresa, foram informados da demissão. Segundo eles, os gestores da Solurb alegaram problemas financeiros.
Em seguida, cada um assinou a rescisão do contrato de trabalho.
Paulo Alves, de 46 anos, está entre os trabalhadores demitidos. Ele integrava a equipe da Solurb desde 2013 e há três meses tinha sido transferido para a equipe de varrição. “Foi um choque receber essa notícia”, disse.
Com o financiamento de uma casa, onde mora com esposa e filho de 7 anos, em andamento ele está preocupado com o pagamento das contas. A mulher dele, que também trabalha na Solurb, não está entre os demitidos.
“Agora é correr atrás de outro serviço porque não dá para ficar dependendo da mulher”, declarou Alves. Ele afirma que tinha acabado de voltar das férias de 15 dias e lamenta não ter recebido todo o valor do benefício, apenas o referente a nove dias. “Já estava ruim procurar emprego antes do corona, agora vai piorar”.
Quem também recebeu férias de 15 dias antes de ser desligado da empresa foi Antônio Ângelo Gonçalves, de 43 anos. Ele trabalhava há 7 anos na Solurb tinha sido transferido recentemente para a varrição e agora não sabe o que fazer.
Com contas de água e luz em atraso a preocupação aumentou porque ele era o único trabalhador com registro e carteira da família. Ele mora com a esposa e filhos de 11, 17 e 22 anos.
“Antes eu trabalhava na coleta e recebia adicional de insalubridade e adicional noturno. Quando eu passei pra varrição meu salário de R$ 1,6 mil já tinha caído para R$ 1,1 mil e eu já estava sentindo”, lamentou.
Ângelo acredita que a situação dele não está entre as piores e fala isso pensando na faixa etária dos outros funcionários demitidos. “Tenho 43 anos é mais fácil arrumar emprego. Difícil mesmo é para os idosos que estão sendo demitidos. Estão todos tristes lá dentro”, disse apontando para o pátio da empresa.
Juliano César, de 27 anos, também recebeu o aviso de demissão nesta quarta-feira (22) após quatro anos de trabalho na Solurb. Preocupado com o sustento da esposa e dos três filhos do casal, de 1, 3 e 5 anos, ele ainda não sabe o que vai fazer daqui para frente.
A reportagem tentou contato com diretores da empresa na sede da Rua Brilhante e também com a assessoria de imprensa da CG Solurb para saber a posição sobre as demissões, mas não obteve respostas até o fechamento da edição.
Credito: Campo Grande News