Publicado em 01/06/2019 às 14:59, Atualizado em 24/08/2022 às 15:21
Modelo participa de campanha em Estado que registrou 16 feminicídios só neste ano
De volta ao Mato Grosso do Sul, estado onde nasceu, a modelo e atriz Luiza Brunet revelou que presenciou a violência contra a mulher ainda pequena. A vítima era sua mãe e o autor seu pai. “Eu vim de um lar agressivo”, afirmou. Anos mais tarde, em 2016, a própria atriz tornou-se uma vítima, quando foi agredida pelo próprio marido. O triste episódio aliado a fama, tornou Luiza uma ativista da causa.
Escolhida madrinha da Campanha de Combate ao Feminicídio, promovida pelo governo do Estado, ela está em Campo Grande para debater o assunto. Neste ano, foram registrados 16 feminicídios no estado. Foram 124 desde a sanção da Lei do Feminicídio, pela ex-presidente Dilma Rousseff, em 2015.
Criada na roça, próxima a cidade de Itaporã, Luiza contou que foi na tentativa de fuga da mãe com os filhos que acabou deixando o estado há 50 anos, para viver no Rio de Janeiro. “Meu pai era lavrador e minha mãe dona de casa. Mas quanto a gente saiu da roça, da vida orgânica, para ir para Itaporã estudarmos, meu pai começou a beber. Não conseguiu emprego, ficou frustrado e começou a agredir minha mãe regularmente”, relatou.
Reconhecida internacionalmente, a modelo também falou que o feminicídio atinge todas as mulheres. “É uma epidemia global”, afirmou. No entanto, entre as mulheres de classe mais alta há muita resistência em denunciar os casos de violência. “Talvez, a mulher de classe mais baixa, tenha menos vergonha de falar. Ela faz a denúncia. A mulher que tem uma condição financeira melhor tem mais vergonha de se expor para sociedade, por exemplo. Então, eu acho que o fato de eu ter feito a minha denúncia desmistificou um pouco isso”, afirmou.
Emocionada, ela ressaltou que estes casos não se tratam de problemas de foro íntimo, por isso, precisam ser denunciados.
EM NÚMEROS
De acordo com a subsecretaria estadual de Políticas Públicas para a Mulher, Luciana Azambuja, em quatro anos de alteração do Código Penal, foram registrados 124 casos de feminicídios, crime de ódio cometido em razão do gênero, no Estado, sendo 16 apenas neste ano. Destes últimos, 12 foram cometidos no interior e quatro na Capital. As vítimas foram mulheres entre 17 e 38 anos, sendo três indígenas.
Mato Grosso do Sul abriga a primeira Casa da Mulher Brasileira inaugurada no País. Desde a abertura da unidade, 50 mil mulheres foram atendidas, 300 mil procedimentos foram encaminhados e 15 mil medidas protetivas emitidas.
DENUNCIE
A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 é um serviço atualmente oferecido pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos (MDH). É uma política pública essencial para o enfrentamento à violência contra a mulher em âmbito nacional e internacional.
Por meio de ligação gratuita e confidencial, esse canal de denúncia funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, no Brasil e em outros 16 países: Argentina, Bélgica, Espanha, EUA (São Francisco e Boston), França, Guiana Francesa, Holanda, Inglaterra, Itália, Luxemburgo, Noruega, Paraguai, Portugal, Suíça, Uruguai e Venezuela.
Além de registrar denúncias de violações contra mulheres, encaminha as vítimas aos órgãos competentes e realizar monitoramento dos casos, o Ligue 180 também dissemina informações sobre direitos da mulher, amparo legal e a rede de atendimento e acolhimento.