Publicado em 16/06/2023 às 15:22, Atualizado em 16/06/2023 às 19:29
Polícia chegou a apontar o crime como roubo seguido de morte, já que três pessoas invadiam a propriedade rural do agricultor
A 1ª Vara Criminal de Dourados condenou Irene Márcia Teodoro dos Santos, a 30 anos de prisão mais 188 dias-multa pela morte do pai Ireno Dias dos Santos, à época do crime, em 30 de agosto de 2021, com 70 anos. Ela é acusada, segundo a Justiça, de ter arquitetado o crime junto com o seu amante Adaías Oliveira da Silva, também condenado com pena de 25 anos e nove meses. As duas condenações são em regime fechado.
Incialmente a polícia chegou a apontar o crime como latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte, já que três pessoas invadiam a propriedade rural do agricultor, que fica na região do Laranja Lima, a cinco quilômetros do distrito de Vila Vargas, em Dourados, e levaram cerca de R$ 200 mil do cofre.
No entanto, segundo a decisão judicial que o Ligado Na Notícia teve acesso, a acusação argumentou que embora a defesa dos envolvidos tenha alegado que a intenção não era a morte do produtor rural, o criminosos almejavam o óbito do mesmo, uma vez que eles invadiram a residência com coletes balísticos.
“Vale registrar que, segundo apurado, os executores do crime Adaías e Elias, entraram no local utilizando colete balístico empunhando armas em mãos. Assim, não sustenta a alegação de que não almejavam o óbito da vítima idosa, pois ao menos assumiram o risco de cometê-lo. Também tinham conhecimento de que a vítima possuía diversas armas na residência, inclusive de grosso calibre, aliado ao fato de que o idoso morava sozinho isoladamente em área rural, por essa razão estavam preparados para eventual confronto, o que, aliás, acabou ocorrendo. Ficou cristalino que nenhum dos agentes quis participar de crime menos grave, ou, caso contrário, não estariam preparados para o tiroteio, já que devidamente trajados para tanto”, justifica a decisão parar a condenação dos acusados.
O documento também confirma a linha de investigação da polícia que apontou Irene como a responsável por elaborar o plano de assassinar o próprio pai, “pois possuía informações privilegiadas sobre a existência de dinheiro no cofre, sabendo que ele estaria na residência sozinho, com o seu filho [a criança de dez anos]”.
Três homens invadiram o local e perguntaram para Ireno, que estava na companhia do neto de dez anos, onde estava o cofre e em seguida, atiraram contra o idoso. A criança saiu correndo pela estrada chegando até um sítio vizinho e contou o que havia acontecido.
No decorrer das investigações, a filha passou a ser suspeita depois que familiares relataram que não conseguiram contatar ela para relatar que seu pai havia sido assassinado, e também porque, segundo a polícia, apenas pessoas próximas à vítima tinham conhecimento do local do cofre.
Outro fator que também contribuição para que Irene e o amante Adaías fossem condenados, é que a arma utilizada para assassinar Ireno continha laser. Cabo da reserva, o indivíduo foi flagrado logo após o crime, com uma pistola nove milímetros, municiada — mesmo calibre dos tiros que atingiram o agricultor.
O homem foi encaminhado à delegacia por porte ilegal de arma, e na unidade os investigadores apuraram que a pistola tinha exatamente as mesmas características da que foi usada no crime.
Mais sobre o caso
Na época do assassinato, parente e até desafetos de Ireno foram intimados a depor, no entanto, durante os depoimentos, a única pessoa que entrou em contradição foi Irene, o que chamou a atenção dos investigadores. Ao ser questionada sobre a dificuldade em ser contatada por familiares no dia do crime e onde estava, a mulher disse que estava na casa de uma amiga, que por sua vez, desmentiu a versão.
Inclusive, essa colega revelou aos policiais que Irene pediu para ela mentir
à polícia. A autora e mandante do assassinato passou a noite, na verdade, num motel, junto com o amante Adaías.
Aos policiais, o garoto informou que a pistola usada por um dos criminosos tinha três pontos de miras na cor verde, igual a do militar. A criança também contou que o suspeito estava com roupa camuflada do exército e coletes à prova de balas.
Assim como a amante, o celular de Adaias também havia sido formatado recentemente. Além disso, no porta-malas do carro do suspeito, os policiais encontraram amassados, compatíveis com o transporte do cofre.
“Não sabemos se ela estava mantendo esse amante, sustentando ele, mas o resultado acabou sendo o latrocínio”, disse o delegado Erasmo Cubas, chefe do SIG, em Dourados no dia do crime.
Parte do dinheiro roubado foi depositada em uma conta do militar e a polícia tenta descobrir para onde foi o restante. A arma e o veículo Argo do militar que foi utilizado no crime, também foram apreendidos.