Publicado em 06/03/2024 às 09:51, Atualizado em 06/03/2024 às 13:56
A usina projeta ampliar a produção do biocombustível, que atualmente consome cerca de 3% da vinhaça gerada no processo industrial
Com uma produção de biometano estimada em 6 mil metros cúbicos por dia, a Usina Adecoagro já utiliza o biocombustível na movimentação de parte da sua frota.
“Hoje estamos com 157 carros leves movidos a biometano, 4 caminhões, sendo 3 flexs e um 100% biometano, 2 tratores e 7 motobombas para fazer toda a irrigação da água residual”, informou Renato Junqueira Santos Pereira, vice-presidente de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro no Brasil.
“Inicialmente, usamos o biogás que estava produzindo para aquecer a água da turbina de condensação, economizar vapor e exportar mais energia. Uma vez que o projeto estabilizou, nos sentimos confortável em investir mais, investimos na purificação desse biogás e iniciamos a produção do biometano”, disse Pereira.
O executivo compartilhou as realizações e os aprendizados da companhia sobre biometano e descarbonização, economia circular e o etanol como o futuro da energia mundial em uma mesa redonda com Gabriel Feres Junqueira, da Bioenergética Aroeira, e Bruno Serapiao, da Atvos, durante participação na Expedição Custos Cana, evento promovido pelo Pecege Consultoria em Piracicaba no último dia 29 de fevereiro.
Segundo Pereira, a capacidade de expansão do projeto é muito grande. “Acho que o mais legal é que essa produção consome 3% da vinhaça que a gente produz. Então o potencial de crescimento é bem significativo”, disse.
“A Adecoagro tem sempre um foco muito grande em dois pilares voltados para a agenda de sustentabilidade, de inovação. A questão da eficiência energética, que tem um consumo muito baixo nas nossas plantas, um consumo de torta, um consumo de energia, é um consumo é baixíssimo, e também o pilar de reciclagem de nutrientes. Então, o projeto biogás tem um caminho natural por conta desses dois pilares, facilitados pelo fato de termos uma safra contínua”, explicou Pereira.
A empresa já investe na ampliação da produção visando a redução no consumo do diesel. “Entramos agora com uma linha de financiamento para crescer o projeto em 5 vezes. Vamos sair dos 6 mil metros cúbicos por dia para 30 mil. Com isso, vamos chegar ao equivalente em diesel por ano, a economia de 10 milhões de litros de diesel equivalentes”, projeta Pereira.
“Acho que talvez o problema que a gente tem, é que a tecnologia está na frente dos veículos movidos a biometano. Hoje não existem tratores pesados, os caminhões estão começando. O desafio é criar alternativas para usar esse biometano na frota. Por exemplo, o que estamos fazendo agora, é criando caminhões para transportar o nosso açúcar até Maringá, usando o biometano para substituir o frete dos caminhões a diesel”, explicou.
A expectativa de Pereira é que as possibilidades de comercialização do biometano sejam ampliadas com a implantação do Projeto de Lei 4516/23, batizado de Combustível do Futuro. Enviado à Câmara dos Deputados pelo Governo Federal em 2023, o projeto apresenta um conjunto de medidas visando a ampliar o uso de combustíveis sustentáveis e de baixa intensidade de carbono na matriz de transportes brasileira e o incremento da eficiência energética dos veículos.
“Infelizmente se a gente for vender o biometano, o prêmio não é muito alto ainda, porque tem praticamente só o valor do CBIO, espero que esse PL do Combustível do Futuro estimule e acelere o crescimento desses projetos em uma velocidade maior”, pontuou Pereira.