Publicado em 21/03/2019 às 14:09, Atualizado em 19/08/2022 às 15:42
Na manhã de hoje - quinta-feira, 21 - a Polícia Civil de Ivinhema deflagrou a Operação Latrodectus, que resultou na prisão de quatro envolvidos na morte do empresário Jonatahan Marcelo Fernandes, de 28 anos, proprietário da Metalúrgica e Serralheria Bom Jesus. Um quinto envolvido permanece foragido.
Entenda o crime!
Na noite de quinta-feira do dia 05 de julho de 2018, por volta das 19:00 horas o empresário Marcelo foi alvejado com três tiros em frente a sua empresa Metalúrgica e Serralheria Bom Jesus, que fica localizada no residencial Jardim Aero Porto em Ivinhema.
A vítima, Jhonatan Marcelo Fernandes de 28 anos, estava em frente a sua empresa, quando uma pessoa em uma motocicleta parou e desferiu três tiros contra Marcelo, ele foi socorrido por populares até o Hospital Municipal, mas momentos depois, quando estava sendo transferido para Dourados não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
O Portal Ivi Hoje em conversa com militares do Corpo de Bombeiros informaram que não houve o chamado de resgate para atender a esta ocorrência, a Policia Civil de Ivinhema começou a investigar o caso. A Policia Militar realizou diligência a procura do suspeito.
Na mesma semana de julho de 2018, antes do crime, Marcelo havia se envolvido em uma discussão familiar e chegou a ser detido, mas horas depois foi liberado.
Operação Latrodectus >> (nome científico da aranha conhecida como viúva-negra)
Conforme levantou a Polícia Civil, após cerca de seis meses de investigações foi possível identificar a cadeia de envolvidos no crime, tendo o empresário sido morto a mando de sua esposa Kelly Francine Vioto Fialho 28 anos, com quem a vítima possuía dois filhos, auxiliada por seu irmão e cunhado da vítima, Geovane Vioto Fialho de 25 anos.
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A viúva e seu irmão teriam contatado um amigo apelidado de “Pikachu”, e oferecido à quantia de R$ 30 mil reais para que ele encontrasse um executor.
Depois de apanhar R$ 10 mil reais para si, “Pikachu” contatou Leandro Bazan Cruz Argilero 24 anos, o qual também retirou sua parte do montante de dinheiro, e repassou a sobra e a tarefa de matar a vítima ao executor Johnny Alves da Silva de 22 anos.
Conforme informações da Polícia de Ivinhema, o casal de irmãos Kelly e Geovane Fialho entregou a arma do crime ao intermediário “Pikachu”, que a repassou até que chegasse ao executor, através de Leandro Bazan. A arma, segundo o apurado, foi depois vendida a um terceiro ainda não identificado, pelo valor de R$ 2.300,00 em um grupo de WhatsApp.
“Depois de apurarmos toda a cadeia de distribuição dos R$ 30 mil reais que foram repassados pelos mandantes a título de pagamento pela execução, apuramos também que os dois mandantes arquitetaram um plano para que Johnny, o autor dos disparos, se entregasse sozinho e ocultasse o envolvimento dos outros quatro envolvidos. A informação é de que eles pagaram a Johnny o valor de R$ 50 mil reais para convencê-lo a se entregar. A mandante afirma expressamente em diálogo com um terceiro, que pelo valor pago para que ele se entregasse dormir com 200 homens em uma cela não seria problema”, pontuou o delegado Caio Goto.
Conforme noticiado, um advogado douradense teria inclusive marcado um horário com o delegado para a entrega do executor nesta quarta-feira (20), a fim de esconder o envolvimento principalmente dos irmãos Kelly e Geovane. Mas devido à resistência de Johnny em se entregar, remarcaram sua apresentação para a manhã desta quinta-feira (21). Porém, a operação foi deflagrada ainda na madrugada de hoje, impedindo a consumação do plano para enganar a Justiça e deixar impunes os outros envolvidos.
“Enquanto arquitetavam o que se pode chamar de um plano sórdido para iludir a Polícia Civil e deixar impunes os mandantes do crime, a investigação já se mostrava à frente do que era planejado. Ainda ontem à tarde monitoramos que a mandante Kelly se reuniu com familiares de um dos envolvidos, em uma granja na área rural, para combinar o discurso que todos deveriam falar em depoimento, a fim de que as informações estivessem de acordo com o que o executor diria ao se entregar”, esclareceu o Delegado.
Apurou-se, também, que durante a montagem da fraude, com o objetivo de comprar o silêncio de um dos envolvidos, Kelly Fialho inclusive custeava um advogado a ele, já que tinha medo de que ele confessasse o crime e entregasse os demais. “A mandante, com o acordo de seu irmão, chegou a entregar um carro para a família de um dos envolvidos, que não tinha meios de se locomover, temendo que ele contasse o plano sobre a morte da vítima. Tudo para garantir o silêncio e permanecer na impunidade”, disse o Dr. Caio.
A Delegada Gabriela Violin esclareceu também que, nesse caso, responderiam os autores não somente pelo crime de homicídio qualificado, como também por fraude processual qualificada, totalizando uma pena mínima, somada, de 12 anos e 6 meses de reclusão, podendo chegar a 34 anos. “Lembrando que o crime de homicídio qualificado é classificado como crime hediondo pela legislação, e impõe sérios gravames àquele que é por ele condenado”.
A equipe da Delegacia de Polícia de Ivinhema ainda levantou a informação de que a arma utilizada no crime pertencia à própria vítima, Jonathan Marcelo Fernandes, e que no dia do fato todas as câmeras do estabelecimento comercial se encontravam desligadas. “Os funcionários foram todos dispensados mais cedo. Um deles insistiu para ficar, pois tinha tarefas pendentes na empresa, mas sem sucesso. A mandante insistiu que ele fosse embora naquele dia. Pouco depois de sair da empresa, o funcionário recebeu a notícia de que seu patrão havia morrido na calçada em frente à serralheria”, contou o Delegado Caio Goto.
De acordo com a Polícia Civil, a vítima não morreu no local, e ainda teve tempo de pedir socorro para um amigo que ouviu os disparos, de dentro do prédio da empresa. “Antes de o Jonathan morrer ele ainda falou com o amigo que o socorreu, mas não resistiu quando chegou ao hospital”.
Em relação à motivação do crime, a Delegada Gabriela Violin disse que a mandante tinha ciúmes de um segundo relacionamento de Jonathan Marcelo, e que o cunhado Geovane não admitia que a vítima a deixasse com duas crianças e arrumasse outra esposa. “A mandante estava grávida do segundo filho da vítima quando ocorreu o homicídio, fato que demonstra a frieza e crueldade com que ela agiu ao planejar tudo”.
Segundo a Polícia Civil, todos os envolvidos presos serão encaminhados aos estabelecimentos penais masculino e feminino, onde aguardarão julgamento. A Polícia segue nas buscas por Geovane Vioto Fialho, que está acompanhado de seu namorado, e é considerado foragido. O auxílio na captura pode ser feito através de denúncia anônima em qualquer Delegacia de Polícia do Estado.
“No final de tudo, não há armas nem dinheiro, há duas crianças sem pai e uma família destruída”, disse o Delegado Caio Goto.
O Poder Judiciário em Ivinhema, a pedido do Ministério Público e da Polícia Civil, decretou a prisão preventiva de Kelly Francine Vioto Fialho, Geovane Vioto Fialho, Leandro Bazan Cruz Argilero e Johnny Alves da Silva. Apenas Geovane permanece foragido. Um quinto envolvido já se encontrava preso temporariamente desde a semana passada.
Latrodectus mactans é o nome científico da aranha popularmente conhecida como viúva-negra.