Publicado em 23/08/2019 às 00:24, Atualizado em 23/08/2019 às 03:32
Os dois foram condenados por homicídio duplamente qualificado, cárcere e organização criminosa
Ueslei de Oliveira Rodrigues e o Wellington Ferreira de Souza, de 24 e 26 anos, foram condenados cada um a mais de 26 anos de prisão pelo assassinato de Fernando do Nascimento dos Santos - encontrado esquartejado aos 22 anos no bairro Los Angeles, em Campo Grande. O crime aconteceu em agosto de 2017 motivado pela guerra entre PCC (Primeiro Comando da Capital) e Comando Vermelho.
Fernando era de Nova Alvorada do Sul e veio para Campo Grande no dia 14 de agosto de 2017. No mesmo dia procurou Danilo Richele da Silva Fernandes, de 20 anos, através de um grupo de WhatsApp, para comprar drogas e combinou de ir até a “boca de fumo” em que ele estava, na Rua Augusta Rossini Guidi, no Los Angeles.
No local conheceu os três suspeitos. Em uma conversa, Danilo perguntou se Fernando participava de alguma facção, e o rapaz afirmou ser integrante do Comando Vermelho, por conta disso, os dois discutiram.
Após confessar que pertencia a facção rival do PCC, Fernando não conseguiu sair mais da casa. Foi amarrado em uma cadeira e julgado no “tribunal do crime” por integrantes da organização criminosa.
A vítima foi mantida refém por dois dias e obrigada a pedir desculpa para a facção em vários vídeos filmados pelos bandidos. No dia 16 de agosto foi levado para um banheiro da casa, ainda amarrado em uma cadeira de fio, e executado. Todo o crime foi filmado por Wellington. Na gravação, exibida durante o julgamento, é possível ouvir Danilo mandar Ueslei arrancar a cabeça do rival. “Ranca a cabeça desse cara aí, ranca”.
Fernando ainda estava vivo quando Ueslei começou a cortar seu pescoço, mas foi Danilo quem decapitou o rapaz. Os dois, juntos, esquartejaram a vítima e ainda retiraram o coração. O corpo foi jogado em seguida na Rua Engenheiro Paulo Frontim, também no Los Angeles.
Nesta tarde de quinta, defensor público Rodrigo Antônio Stochiero Silva afirmou que não houve investigação para comprovar a participação dos dois réus na facção. Defendeu ainda que Wellington apenas filmou e que o crime aconteceria mesmo sem ele, por isso não deveria ser culpado pelo homicídio.
O promotor alegou que Ueslei era apenas usuário, e de acordo com o depoimento do irmão dele, não tinha nenhum papel de importância ou participava de uma facção como o PCC. Mesmo com as imagens, Rodrigo garantiu ao júri que não havia como comprovar a participação do cliente no crime.
No entanto, o conselho de sentença votou pela condenação dos dois por homicídio duplamente qualificado – motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima – cárcere privado e associação criminosa, com agravante pela “agressiva, personalidade, antecedentes e reincidência” dos acusados.
Por isso, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida definiu pena de 26 anos e nove meses para Ueslei e 26 e seis meses para Wellington. Danilo foi a juri popular em maio deste ano e foi condenado a 15 anos de prisão em regime fechado.