Publicado em 28/08/2024 às 19:05, Atualizado em 28/08/2024 às 20:08
Com o fim do uso do fogo na colheita da cana, extinto há anos, as usinas investem continuamente em suas próprias brigadas de prevenção e combate a incêndios
O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, reuniu-se na tarde de segunda-feira (26), com a Biosul, entidade que representa as usinas produtoras de açúcar, etanol e bioeletricidade com o objetivo de unir esforços e integrar as ações e atendimentos aos chamados em áreas de cana, outras culturas e áreas urbanas no interior do Estado.
De acordo com a Biosul, o setor de Bioenergia em Mato Grosso do Sul conta com cerca de 1.500 brigadistas, 150 caminhões-pipas, além de tecnologia de monitoramento em tempo real. A integração com o governo estadual nas ações de combate aos incêndios florestais foi proposta em videoconferência realizada na segunda-feira, que contou com a participação do Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros e presidente do Comitê do Fogo/MS, Leonardo Congro, o diretor-técnico da Biosul, Érico Paredes, o gerente de Unidades de Conservação do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Leonardo Palma, e representantes das usinas de bioenergia em operação no Estado.
O presidente do Comitê do Fogo, Tenente-coronel Leonardo Congro, explicou que a intenção, com um sistema integrado de informações, é proporcionar maior capacidade de coordenação entre o Governo e as instituições atuantes em incêndios florestais, principalmente em momentos mais críticos.
“Dentre os vários eixos discutidos, foi trabalhada a necessidade de maior integração, além da possibilidade de melhorar ações de aceiros nas diversas áreas de interesse. Foi uma reunião produtiva, com participação do setor e, dessa primeira reunião, outras devem acontecer, convidando mais atores, mais instituições que tenham competência na área e que possam contribuir para uma maior segurança na região de canaviais aqui do estado e do seu entorno”, reforçou.
Áreas de canaviais também foram atingidas nos últimos dias, o que aumentou a preocupação, segundo o diretor-técnico da Biosul, Érico Paredes, o setor de bioenergia está em alerta máximo. “Fogo nos canaviais é prejuízo para as usinas, compromete a operação, interrompe a colheita da cana, traz impactos ao meio ambiente e à saúde da população que vive próxima ao local”, explicou. Apesar das condições climáticas aumentarem os riscos de incêndios, a entidade reforça junto à população a importância de denunciar ações criminosas e situações de riscos com fogo.
Para Paredes, a ação multiagencias proposta é fundamental e deve intensificar ainda mais as ações realizadas pelas usinas em conjunto com o Governo e demais entidades do setor produtivo. “É um alinhamento estratégico importante que pode tornar ainda mais eficiente essa resposta tanto de prevenção quanto de combate ao fogo”, destacou. As áreas de margens de rodovias, manutenção em postes de energia elétrica e incêndios criminosos são as principais demandas do setor.
Os próximos encontros serão liderados pelo presidente do CICOE (Centro Integrado de Coordenação Estadual sobre Incêndios Florestais do Estado), o secretário de Estado, Jaime Verruck.
Prevenção é o foco das usinas
Com o fim do uso do fogo na colheita da cana, extinto há anos em Mato Grosso do Sul, as usinas investem continuamente em suas próprias brigadas de prevenção e combate a incêndios.
Atualmente, o setor conta com mais de 1.500 brigadistas, mais 150 caminhões-pipas, tanques reservatórios, motoniveladoras, reboques e motobombas, além do uso de tecnologias para monitoramento em tempo real dos focos de calor nos canaviais e aeronaves para situações mais críticas.
No dia a dia, a rotina de trabalho nas usinas é composta por protocolos de segurança no campo, como limpeza diária das máquinas, manutenção de aceiros e carreadores limpos e desobstruídos, rotas de fugas definidas e, em períodos críticos, monitoramento diário e paralisação do serviço no campo. Além disso, é feita campanha de conscientização em rádios dos municípios próximos e nas comunidades locais.
Ação integrada do PAME
Além da total atenção as áreas de cana, as brigadas das usinas também atuam no entorno, atendendo produtores vizinhos e os municípios. Esse atendimento acontece de forma integrada com a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e outras indústrias que atuam na região. Um dos exemplos de integração é feito pelo PAME (Plano de Auxílio Mútuo Emergencial).
De acordo com José Hermanne, coordenador de apoio técnico do PAME Vale do Vacaria, além do atendimento em ocorrências fora das usinas, o grupo atua fortemente na conscientização da população com ações nas escolas locais e comunidade como um todo. “Compartilhamos as boas práticas entre as empresas, realizamos simulação de atendimento e combate a incêndios em conjunto e fazemos o envio de mensagem de alertas e conscientização via whatsapp entre os integrantes do PAME”, explicou o coordenador.
O Vale do Vacaria tem agenda mensal e é formado por 13 empresas localizadas em Nova Alvorada do Sul, Rio Brilhante e região.
Marcelo Armôa, assessoria Semadesc / Eliane Salomão, assessoria Biosul