Publicado em: 17/12/2025
Estudo do Ipea mostra que percentual de docentes isentos no estado salta de 16,8% para 47,9% com a nova regra
Mato Grosso do Sul está entre os estados com maior impacto da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês. A mudança, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e válida a partir de 2026, quase triplica o número de professores da educação básica que não pagarão o tributo no estado.
Segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), antes da nova regra apenas 16,8% dos docentes sul-mato-grossenses eram isentos. Com a ampliação, esse percentual sobe para 47,9%, o que representa um avanço significativo na renda disponível da categoria em Mato Grosso do Sul.
Além dos totalmente isentos, outros 18,5% dos professores da educação básica no estado terão redução no valor do imposto, para rendas mensais de até R$ 7.350. Com isso, a parcela de docentes que paga a alíquota máxima de 27,5% cai de 55% para 33,6% em MS.
O impacto é especialmente relevante para professores com salários próximos ao piso nacional do magistério, fixado em R$ 4.867,77 em 2025. Com a isenção até R$ 5 mil, esses profissionais deixam de pagar Imposto de Renda, o que representa um ganho anual estimado em pouco mais de R$ 5 mil.
No cenário nacional, cerca de 620 mil professores da educação básica deixarão de pagar Imposto de Renda. Com a nova tabela, 51,6% dos docentes do país passam a ser totalmente isentos, ante 19,7% antes da reforma. Ao todo, mais de 1 milhão de profissionais terão aumento de renda, seja por isenção total ou redução do imposto.
O estudo também aponta diferenças conforme o tipo de vínculo. Entre professores com apenas um vínculo, 81,8% terão algum benefício. Já entre aqueles com múltiplos vínculos, o percentual de beneficiados é menor, mas ainda relevante, combinando isenção total e redução de alíquotas.
Há ainda distinções entre as redes de ensino. Na rede privada, onde os salários médios são mais baixos, o efeito da isenção é mais intenso: mais de 80% dos professores passam a não pagar IR. Na rede pública, esse percentual fica em torno de 42%, reflexo de remunerações médias mais altas.
Os dados foram calculados com base na Relação Anual de Informações Sociais, considerando salários de 2022 corrigidos pela inflação. Apesar das limitações da base, o Ipea destaca que os resultados indicam um impacto direto da reforma tributária na valorização da renda dos professores.