Publicado em 24/07/2019 às 23:16, Atualizado em 25/07/2019 às 03:22
Maior unidade de porta aberta do SUS (Sistema Único de Saúde) para atendimento de urgência e emergência no interior de Mato Grosso do Sul, o Hospital da Vida, em Dourados, enfrenta demissão em massa de médicos. Oito profissionais já entregaram a carta de demissão e outros pretendem seguir o mesmo caminho.
O motivo é o colapso financeiro que atinge a Funsaud (Fundação de Serviços de Saúde de Dourados), órgão da prefeitura que administra o hospital e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento). No mês passado a prefeita Délia Razuk (PL) decretou intervenção na Funsaud, mas os problemas continuam.
Na ultima sexta-feira (19), o gerente do hospital alertou sobre a falta de médicos plantonistas no fim de semana.
A secretária municipal de Saúde Berenice Machado de Oliveira Souza desmentiu a informação no mesmo dia, mas no domingo (21) não havia médico no hospital, conforme comprova prontuário elaborado pelo intervencionista do Samu (Serviço Móvel de Urgência) que acompanhava paciente vítima de acidente de moto levado ao hospital.
Na terça-feira a secretária de Saúde disse que estava apurando o caso para saber a veracidade da informação relatada no prontuário. A reportagem perguntou se havia médico plantonista no hospital, mas ela não respondeu.
Assembleia – A grave situação dos médicos do Hospital da Vida levou o diretor clínico da unidade Raul Espinosa a convocar assembleia para hoje (25) à noite, para posicionamento sobre a crise.
“Os problemas do Hospital da Vida vêm se avolumando com risco de morte para pacientes. Temos informado de forma insistente e persistente aos responsáveis pela administração. É necessária posição do corpo clínico”, afirma Raul Espinosa no ofício encaminhado aos demais médicos, convocando-os para a assembleia de amanhã.
Conforme o documento, oito médicos do pronto-socorro já entregaram carta de demissão com prazo até o dia 31 deste mês. “Existe a probabilidade de ficarmos somente com seis médicos nesta área”, diz o diretor clínico.
A assembleia será no salão de eventos da Igreja Presbiteriana do Brasil com entrada pela Avenida Weimar Gonçalves Torres. Cada coordenador de especialidades terá cinco minutos para apresentar suas reivindicações e falar das dificuldades enfrentadas no hospital. Os gestores da saúde pública municipal foram convidados.
Referência em atendimento de urgência e emergência e de trauma para 35 municípios da região, onde vivem pelo menos 800 mil pessoas, o Hospital da Vida sente os efeitos da crise financeira que atinge a prefeitura.
Mesmo com repasse de dinheiro pelo estado e pelo governo federal, a Funsaud não consegue pagar em dia o salário dos médicos e fornecedores.
No mês passado, a empresa Intensicare, que administra os 20 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), ameaçou suspender o atendimento por causa da dívida de R$ 10 milhões.
A empresa chegou a anunciar que deixaria de receber novos pacientes, mas liminar da Justiça determinou, em 9 de junho, a manutenção do atendimento por 60 dias, prazo que a prefeitura tem para pagar a dívida.