O que para o velho mestre de kung fu, no filme Karatê Kid (2010), Senhor Han (Jackie Chan), era um tática para o ensino da arte marcial, para o sul-mato-grossense é uma realidade por conta da gangorra nas temperaturas do Estado.
O ‘tira casaco, bota casaco’ deve continuar em Mato Grosso do Sul por conta de uma nova frente fria prevista para chegar na sexta-feira (24) à região. Mas antes, os moradores vão enfrentar o calor que deve ultrapassar os 30°C facilmente.
O aumento já deve ser sentido a partir desta terça-feira (21). Esta segunda-feira (20) começou com temperaturas amenas, mas ao longo do dia as regiões norte, leste e bolsão podem registrar calor de até 31ºC.
Gradativamente o clima fica mais quente no Estado, podendo atingir valores entre 30-34°C. De acordo com o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e Clima de MS), esta situação meteorológica ocorre devido a atuação de um sistema de alta pressão atmosférica que favorece o tempo seco.
Calor dá lugar à nova frente fria
Entre quinta (23) e sexta-feira as mudanças no clima já poderão ser sentidas por conta da aproximação da nova frente fria. Este será o terceiro fim de semana seguido com temperaturas mais amenas em MS.
O fenômeno vem acompanhado com uma área de baixa pressão e avanço de cavados. Esses sistemas favorecem o aumento de uma área de nebulosidade. Ou seja, há probabilidade de chuvas e tempestades, principalmente nas regiões sudoeste, centro-sul e pantaneira.
Na sexta, o avanço do ar frio deverá favorecer a queda nas temperaturas, com valores entre 10-14°C, com
destaque nas regiões centro-sul, sudoeste e sudeste do estado. Pontualmente, podem ocorrer valores abaixo de 10°C.
Segundo o meteorologista Vinícius Sperling, do Cemtec, historicamente, o outono é mais fresco em MS. Entretanto, o calor não deve dar tanta trégua para o Estado e promove um outono com temperaturas um pouco mais altas que no ano passado.
Em 2023, inclusive, durante esta estação, a temperatura máxima não passou dos 30°C. E na primavera em diante, o fenômeno El Niño passou a influenciar cada vez mais nas altas temperaturas registradas em MS desde setembro.
Inverno quente
Mesmo com o enfraquecimento do El Niño nesta época e a aparição do La Niña, a situação não deve ter muita mudança. “Temos indicativo ainda de temperaturas acima da média para o próximo trimestre”, alerta Sperling à reportagem.
Ou seja, as temperaturas mais altas devem continuar e pegar também boa parte do inverno, que começa em 20 de junho e vai até 22 de setembro. “Digamos que, com o fim/enfraquecimento do El Niño, a coisa pode começar a querer mudar”, diz.
“A gente tem um indicativo que uma La Niña entra em julho, mas se ela só começar a atuar em julho e ter um pico lá por dezembro, não vai ter influência no nosso inverno”, explica ao Jornal Midiamax. Em 2023, o inverno também foi mais quente que o esperado.
Entretanto, no fim do outono do ano passado, uma frente fria derrubou as temperaturas por cerca de uma semana, com pico no dia 14 de junho marcando máxima de 8,9°C e mínima de 7,2°C.
“Por enquanto a condição é essa: uma forçante grande, que é o El Niño começou a perder força, enfraquecer ou até mesmo sair da condição de El Niño; está na iminência de acontecer. Aí pode ser que, com uma neutralidade, tenhamos um ‘inverninho’, digamos assim”, prevê Vinícius.
Mais calor
Sperling diz que as massas que vêm para o Estado estão muito secas por conta da falta de chuva. Ou seja, após a passagem da frente fria, a massa de ar seca vem atrás. Com isso, ela sofre uma transformação de massa fria e seca para massa quente e seca.
“[…] as características da superfície aqui estão muito impactadas pelas ondas de calor ainda. Então realmente é um momento de avaliação e nada aponta ainda para um inverno mais rigoroso, por enquanto”, esclarece o meteorologista.
De acordo com Sperling, chuvas menos volumosas não devem mudar o panorama em Mato Grosso do Sul. Neste fim de semana, o tempo ‘ensaiou’ uma chuva, mas os moradores ficaram mesmo é na esperança. Apenas uma fraca e rápida garoa foi registrada.
Escassez hídrica
Dificuldade para respirar, postos de saúde cheios de pacientes com problemas respiratórios e favorecimento de incêndios florestais. Tudo isso desencadeado pela baixa umidade do ar que Campo Grande enfrenta. A cidade completa 30 dias sem chuvas significativas, aliados a mudança do tempo quente para o frio nos últimos dias.
Esta previsão já havia sido alertada pelo Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), pois há atuação de uma alta pressão atmosférica. Este sistema meteorológico continua favorecendo o bloqueio atmosférico sobre o centro do país, inibindo a formação de nuvens e chuvas em grande escala.
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