Publicado em 18/10/2024 às 17:09, Atualizado em 19/10/2024 às 02:13
Viúva há 10 meses, ela conta que tudo não passa de briga familiar envolvendo dinheiro
Ainda tentando entender o porquê de uma briga familiar se tornar pública, supervisora de compras, de 47 anos, acusada de ter inventado um câncer para retirar dinheiro dos parentes, resolveu contar a versão dela dos fatos que começaram após a morte do marido, no dia 19 de dezembro de 2023.
Na sala da casa da sogra, onde está morando desde o dia 27 de setembro, ela contou que foi diagnosticada com o câncer em junho do ano passado, após passar mal no retorno de uma viagem.
“A gente não sabia o que era. Eu tenho convênio da empresa da qual eu sou empregada e o médico não sabia o que era, fizeram todo tipo de exame e me internaram. O médico não quis me dar alta e eu pedi uma alta forçada”, explicou.
Após passar por um exame de colonoscopia, recebeu a informação de que haviam sido coletados dois pólipos para análise. Depois de 15 dias, recebeu a informação que estava com câncer de colo de útero e que era maligno.
A irmã, responsável por registrar o boletim de ocorrência por estelionato, acompanhou parte do que ela viveu e teve acesso ao resultado que constatava o câncer. Posteriormente, fez mais exames, quando foram descobertos nódulos inoperáveis no rim e no útero, mas ainda não se sabia se eram benignos ou malignos. “Fiz a cirurgia de retirada do útero e de lá foi para biopsia. Eu falei para as pessoas que era benigno e segui minha vida, porque não queria exposição”, disse.
No mês seguinte, o casal decidiu comprar uma casa avaliada em R$ 700 mil no bairro Vila Planalto, em Campo Grande, mas como o homem não possuía renda fixa, pois trabalhava no lava-jato do pai, aceitaram a proposta da irmã para que o contrato fosse feito no nome dela.
Para conseguir dar a entrada necessária, a supervisora saiu do emprego para receber o acerto, o marido recebeu alguns meses adiantados e os dois filhos mais velhos, que também trabalhavam, pediram demissão para juntar todo o dinheiro possível. “Ao todo nós demos cerca de R$ 90 mil de entrada e, até maio deste ano, pagamos a ela R$ 224 mil”, relatou.
Entretanto, a vida da família mudou do dia para noite quando, no dia 19 de dezembro do ano passado, o marido dela teve um infarto fulminante.
“Meu marido foi embora e deixou uma prestação de R$ 4 mil reais por mês. Como ele não era registrado, não recebi nada. Fiquei sem nada do dia para noite. Dia 19 de dezembro eu tinha uma renda e dia 20 eu não tinha mais nada. Quando nós entramos na casa, fizemos algumas benfeitorias e parcelamos isso em 10x. Entramos na casa em julho do ano passado e em dezembro ele morreu. Meu sogro me ajudou até maio, daí em diante ele não conseguiu mais”, contou.
Ainda em maio, a mulher relata que fez uma viagem junto do filho mais novo, que é menor de idade, para Recife, onde essa seria “a viagem dos sonhos” da vida deles. Entretanto, ela alega que, ainda em abril, a irmã passou a reunir amigos e familiares ligados a ela, sem que ela soubesse, dizendo que a mulher estaria “louca” e que precisaria “ser interditada”.
“Eu caí na besteira de dizer pra ela que o jeito que ela estava cuidando de mim estava me sufocando. A partir daí tudo mudou”, disse.
Em maio deste ano, descobriu também que estava em remissão do câncer e que precisaria passar por exames de seis em seis meses. Por conta disso, vem recebendo auxílio do INSS e estava afastada do serviço por atestado médico oncológico e psicológico.
“Eu não estou desempregada. Eu recebi do INSS menos de um salário mínimo. Eu estou encostada por perícia médica. Ela alegou que gastou R$ 40 mil comigo, mas cadê os comprovantes? Ela quem reuniu as pessoas da minha religião e, nas minhas costas, disse que as pessoas precisavam me ajudar (financeiramente). Eu não gosto disso, eu acho injusto, tirar dos outros para dar pra mim”, destacou.
Além disso, ela afirmou que em relação à quantia relatada pela irmã em boletim de ocorrência, de que os familiares haviam feito empréstimos para ajudá-la, também não viu em nenhum momento “a cor do dinheiro”.
Após retornar da viagem e não conseguir mais pagar as parcelas, a briga com a irmã ficou mais intensa, até o momento em que ela decidiu executar uma ordem de despejo, colocando a família para fora de casa.
“Eu tenho uma casa no mesmo terreno da minha mãe, em que gastei mais de R$ 300 mil para construí-la. Eu sugeri que eles fizessem um empréstimo de R$ 150 mil pela casa para que eu pudesse recomeçar, eu ia abrir mão de tudo, mas não quiseram. Começou a guerra com a minha família”, contou.
Após não conseguir entrar em um acordo com os familiares, no dia 27 de setembro foi para a casa da sogra, onde está morando de favor desde então.
“Agora estou fazendo bolsas de artesanato e é isso que estou vendendo. Minha vida se resumiu em 40 caixas que estão na minha casa que eu não posso nem mais entrar. Eu não tenho mais nada. Mas para elas eu tenho R$ 120 mil. O que ela ainda quer de mim? A única coisa que eu tenho são minhas roupas, eu não tenho mais nada, não tenho dinheiro para ir embora para alugar um apartamento”, disse.
Agora, a mulher tenta juntar uma quantia em dinheiro para que possa se mudar de cidade com os filhos e recomeçar a vida. “Eu ainda não consegui nem viver o meu luto. Só quero paz e cuidar dos meus filhos”.