Bolas esportivas utilizadas em campeonatos brasileiros são costuradas em penitenciárias de MS

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Bolas confeccionadas em unidades penais de MS são distribuídas a seis Estados do Brasil. Imagem: (Divulgação)

Bolas esportivas utilizadas em campeonatos nacionais e estaduais de futebol e futsal agora são confeccionadas também por detentos do Estabelecimento Penal “Jair Ferreira de Carvalho” (EPJFC), na Capital. Com início em setembro, a costura das bolas acontece dentro das próprias celas, não causando nenhum tipo de prejuízo à segurança da unidade. Esse mesmo trabalho já é desenvolvido nos presídios de Dourados, Naviraí e Ponta Porã, e está em fase de implantação em Rio Brilhante. O próximo município será Jateí, com uma oficina na penitenciária feminina.

A iniciativa faz parte da parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da Divisão de Trabalho, e a Empresa Mundi Mercantil Indústria e Comércio de Materiais Esportivos LTDA, representante na fabricação de marcas oficiais conhecidas nacionalmente.

Na máxima de Campo Grande, são 74 reeducandos trabalhando com a produção de bolas e tem como objetivo proporcionar ocupação produtiva remunerada durante o cumprimento de pena. Segundo o diretor do presídio, Mauro Augusto Ferrari de Araújo, a meta é atingir 400 reeducandos trabalhando na oficina. “Em cada ala existe um ‘multiplicador’, ou seja, um interno que lidera os trabalhos de costura do local”, explicou.

Preso há sete anos, o interno Gilson da Costa Alves, 32 anos, encontrou na atividade uma chance de ocupar o tempo ocioso com algo produtivo. “Meu primeiro contato com a costura foi quando estava preso em Dourados e acabei gostando do trabalho, tanto que agora participo do projeto que iniciou aqui na Máxima”, disse o interno que costura, em média, três bolas por dia.

O encarregado por desenvolvimento de mão de obra prisional e designer de produtos da empresa Mundi Mercantil, Cristian Mendes da Conceição, informou que a utilização do trabalho prisional acontece há alguns anos, inclusive no Estado de São Paulo, e tem sido um sucesso.

“Primeiramente começamos a parceria nas penitenciárias paulistas, realizamos um teste em Dourados e deu muito certo, então decidimos migrar total ou parcialmente nossa produção para as unidades penais de Mato Grosso do Sul, devido à logística e número de internos trabalhando”, destacou.

Conforme Cristian, a média varia entre 100 e 300 presos que atuam na costura em cada unidade penal que o trabalho já está implantado, dependendo da organização interna e do sistema de segurança do local. “A intenção no presídio de Segurança Máxima de Campo Grande é produzir 1,5 mil bolas por semana, podendo este número chegar a 3 mil peças, conforme o desempenho dos internos”, garantiu Cristian que acompanha todo o trabalho de perto.

Para o interno Nilson Lourenço Gonçalves, 69 anos, o trabalho é fundamental para quem está privado de liberdade. “Decidi participar da iniciativa e hoje incentivo e passo os ensinamentos aos outros companheiros de cela”, relatou.

Para o desenvolvimento das atividades, os reeducandos receberam instruções referente às técnicas necessárias para a confecção das peças. Além disso, as normas de qualidade também estão sendo passadas, através de treinamentos quinzenais.

Utilizadas por oito diferentes federações, distribuídas para seis Estados do Brasil, as bolas seguem um rígido padrão de qualidade por se tratarem de marcas líderes de mercado. Feito inicialmente dentro da penitenciária e posteriormente no setor de acabamento da empresa, a costura dos produtos é avaliada interna e externamente.

Além de oportunizar o aprendizado de uma nova profissão, a confecção de bolas esportivas garante remuneração aos detentos, no sistema de produtividade, e remição de um dia na pena a cada três de serviços prestados.

Segundo o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, o trabalho tem sido uma ferramenta eficaz para levar novas perspectivas de vida aos custodiados. “Atualmente, temos 195 parcerias firmadas com empresas privadas e órgãos públicos que fornecem trabalho há mais de 7,1 mil reeducandos em todo o estado, contribuindo para a disciplina interna das unidades penais e promovendo mudanças de comportamento aos apenados”, afirmou.

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