Fogo apavora e bichos disparam em fuga desesperada pela sobrevivência

Aranhas corriam; jiboias também foram vistas deixando local incendiado

Cb image default
Tuiuiú voa para deixar trecho da mata incinerada na região do Refúgio Ecológico Caiman. Imagem: (Saul Schramm / Governo de MS)

Animais que vivem nas áreas atingidas pelas queimadas em Mato Grosso do Sul fogem do calor e dos estalos do fogo. Os que conseguem sair da áreas mais afetadas ainda terão de enfrentar outro desafio: a busca por abrigo e alimento.

Na passagem da equipe do Campo Grande News por fazendas do Pantanal na cobertura do descalabro, a tentativa desesperada de sobreviver ficou evidente para a reportagem.

Em uma fazenda localizada nas proximidades da BR-262, em Corumbá, durante a caminhada em direção do fogo junto com os brigadistas do Prevfogo, até aranhas disparavam na contramão. Centenas delas se movimentavam em uma área de mata que havia sido queimada. No chão repleto de cinzas e em meio a um ambiente sombrio, essa observação só foi possível porque elas reluziam no escuro.

Ainda nesta propriedade uma mãe tuiuiú se manteve firme e forte no ninho onde estavam seus filhotes. Em meio a tanto cinza, a plumagem e o bico das aves pantaneiras era o único resquício de cor.

Esta árvore onde a ave estava não foi afetada porque os peões da fazenda fizeram um aceiro, retirada de parte da vegetação formando um círculo, para evitar a propagação das chamas.

Outro flagrante do desespero dos bichos foi feito por equipe Prevfogo. Nas imagens, é possível ver jiboias rastejando em um ritmo acelerado enquanto fogem das chamas. Veja:

Impacto - De acordo com o tenente-coronel Ednilson Queiroz, comandante da PMA (Polícia Militar Ambiental) em Mato Grosso do Sul, ainda não há estimativa de quantos animais morreram desde o início das queimadas e, se tratando de impacto ao meio ambiente, as mortes e as fugas tomam proporções catastróficas. “O problema da fauna é muito grave', diz.

Dentre as questões citadas pelo coronel está o período de reprodução de aves como araras e papagaios. Uma operação para controlar os ninhos está sendo realizada desde a última quinta-feira (12). “Esse incêndio deve ter queimado ovos, filhotes e ninhos que não são vistos', lamentou.

Mas segundo Queiroz, além deste impacto direto existem os indiretos como a perda do habitat e consequente extinção de espécies. Segundo ele, quando ocorre uma queimada várias comunidades de animais desaparecem.

Os bichos que conseguem sobreviver e se locomover para outras áreas em busca de abrigo e alimento precisam competir agora com os outros que já viviam neste ambiente. “É mais briga, mais gente comendo a mesma coisa', detalhou Queiroz.

A chegada das chuvas nesse contexto não representa o fim dos problemas porque com a vegetação queimada não há proteção suficiente e mais assoreamentos devem ocorrer. “O meio ambiente é um sistema complexo em que cada ente depende um do outro', declarou Queiroz.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.