"Justiça divina já está agindo", diz mãe de jovem morta e escondida em sofá

Crime ocorreu em 2007; assassino foi preso 10 anos depois no Paraguai

Cb image default
Réu chorou ao ouvir depoimento da irmã da vítima. (Foto: Marina Pacheco)

Mais de 12 anos após matar a ex-mulher e esconder o corpo em um sofá-cama, está sendo julgado nesta sexta-feira (4), na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Eduardo Dias Campos Neto. Aparecida Anuanny Martins de Oliveira, na época com 18 anos, foi morta asfixiada.

Depois de passar 10 anos foragido, Eduardo, que há 8 foi diagnosticado com câncer nos nossos, foi preso em agosto de 2017 no Paraguai. Por conta da doença, o réu responde pelo crime em prisão domiciliar.

A mãe da vítima, a professora Maria Iraídes Martins Alves, 55 anos, espera a condenação do ex-genro nesta sexta-feira, mas acredita que ele já está pagando pelo crime. ''Espero que a Justiça humana seja feita, porque a Justiça divina já está agindo", disse referindo-se à doença do réu.

Segundo a mãe de Aparecida, Eduardo sempre foi muito violento com a filha e, mesmo com ela grávida, mantinha a jovem trancada em casa quando saía para trabalhar. ''Ele não deixava ela em paz, tinha um ciúmes louco. Eu quero que ele pague pelo crime que cometeu, ele não deixou minha filha viver. Não importa se ele vai para a cadeia ou não, mas quero que seja condenado", ressaltou.

Desde o crime, hoje foi a primeira vez que Maria encontrou com o assassino da filha. ''Depois que foi preso, só tinha visto ele pelos jornais. Hoje, senti uma coisa ruim, minha pressão subiu e tive que tomar remédio", disse. O último contato entre os dois foi há semanas atrás, por telefone, quando o réu ligou pedindo perdão.

Cb image default
Maria Iraídes Martins Alves espera que o ex-genro seja condenado. (Foto: Marina Pacheco)

Durante o depoimento nesta manhã ao juiz Aluízio Pereira dos Santos, a irmã de Aparecida, Iadamanny Cristina Martins de Souza, 32 anos, relatou que o relacionamento da vítima com o autor sempre foi conturbado e que ele tinha ciúmes até dos familiares. ''Ele era muito violento com a minha irmã. Fiquei um bom tempo sem ter contato com ela porque ele tinha ciúmes até da família'', relatou.

Dias antes do crime, já separado da vítima, Eduardo foi até a casa de Iadamanny e fez ameaças. ''Ele foi na minha casa e disse que se minha irmã não voltasse pra ele, também não seria de mais ninguém porque ele a mataria", lembrou.

Os familiares da vítima chegaram ao Tribunal do Júri com camiseta com a foto de Aparecida e a frase ''Senhor, não deixes impune quem tirou esse sorriso. Saudades eterna!". O grupo, porém, teve que entrar com a camiseta do lado avesso pois dentro do tribunal não é permitido nenhum tipo de manifestação.

O réu está sendo julgado por homicídio qualificado por motivo fútil, asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima, bem como por ocultação de cadáver.

O crime - O assassinato aconteceu no dia 6 de março de 2007, na Rua da Lapa, no Bairro Coophamat em Campo Grande. Conforme a acusação, Aparecida foi ao apartamento para buscar o filho e conversar com o ex-marido, que insistia em reatar o relacionamento.

Na ocasião, a avó da criança, que também morava no local, levou o neto para passear e deixou o casal a sós. Eduardo teria iniciado uma discussão e aplicou uma chave de braço na vítima, que morreu por asfixia. Na sequência, escondeu o corpo dentro de um sofá-cama. A mulher só foi encontrada três dias depois pela mãe do acusado.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.