O dono da Fazenda Flor da Bodoquena, localizada na região da Serra da Bodoquena, e um agrônomo foram multados em R$ 1.322.000 por uso irregular de drone para lançar agrotóxico. A área onde houve o lançamento fica próxima da Terra Indígena Kadiwéu, uma das mais preservadas do Estado, e vem sofrendo forte pressão com a expansão das lavouras.

A informação foi divulgada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em Mato Grosso do Sul nesta ultima sexta-feira (11).

Fiscais do órgão estiveram na propriedade após receber, em maio, denúncia do uso de dessecantes agrícolas. Esses produtos são herbicidas usados para acelerar a secagem das plantas antes do tempo e controlar a vegetação daninha.

Foi constatado o uso do Padron (composto por Piroclan 24%) com drone em uma área de mais de 200 hectares, com a justificativa de limpeza de pastagem. A aplicação ressecou e matou parte de vegetação nativa destinada à reserva legal.

Seguindo o que diz o receituário do produto, ele deveria ter sido aplicado de forma terrestre após o corte da vegetação em uma área de 100 hectares. O Padron é classificado como produto muito perigoso ao meio ambiente (Classe II), por isso, a aplicação aérea é proibida.

Além disso, não foram apresentados registros de regularidade do drone junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária e à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Infrações - As multas foram aplicadas com base no Decreto Federal nº 6.514/2008 e na Lei de Crimes Ambientais.

Conforme explica o Ibama, a aplicação aérea de agrotóxicos por drones é regulamentada pela Portaria nº. 298 de 22/09/2021 do Ministério da Agricultura e Pecuária, que exige cadastro da aeronave, regularização junto à Anac e curso específico para o aplicador aeroagrícola remoto.

Dados do CAR (Cadastro Ambiental Rural) do Governo Federal apontam que a Flor da Bodoquena tem área total de 1.009,19 hectares. Até a publicação desta matéria, a reportagem não conseguiu informações para contatar o atual proprietário.