Gisely Duarte Galeano, 35, morreu nesta quarta-feira (28) em Dourados, depois de sofrer aborto e passar dez dias internada após ser espancada pelo marido. O crime ocorreu no dia 18 deste mês em Bela Vista, na fronteira com o Paraguai.
As agressões foram tantas que Gisely sofreu derrame cerebral encefálico. Em 2019, ela havia passado por transplante renal na Santa Casa em Campo Grande, mas se recuperou completamente do procedimento (leia abaixo).
Em boletim de ocorrência registrado na DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Ponta Porã, onde a vítima morava, a irmã dela apontou o cunhado, Fernando Chucarro Dias, 35, como autor das agressões que provocaram o aborto e a morte de Gisely.
Segundo a comunicante, Gisely e Fernando moravam no Jardim Primor, em Ponta Porã. No dia 3 deste mês, ela teria sido agredida pelo marido e impedida por ele de acionar a Polícia Militar e de registrar ocorrência na Polícia Civil.
Como a vítima havia prometido denunciá-lo, Fernando foi embora para Bela Vista, onde moram seus familiares. No dia 5, Gisely conseguiu registrar a ocorrência, mas, segundo a polícia, não quis pedir medidas protetivas. A mulher já suspeitava que estava grávida, mas ainda não havia feito exame.
Ainda segundo a irmã, no dia 18, Fernando manteve contato com Gisely e ela viajou até Bela Vista para se encontrar com o marido. Conforme a denúncia, Gisely sofreu série de agressões assim que chegou a Bela Vista. No mesmo dia, retornou para Ponta Porã machucada, foi para a casa e não contou nada para ninguém.
No dia seguinte, a irmã foi de novo ao local e dessa vez conseguiu entrar. Gisely estava deitada no sofá reclamando de fortes dores abdominais. Com a ajuda do pai, a irmã a levou ao Hospital Cassems, onde foram contatados o aborto e derrame encefálico.
Devido à gravidade do caso, Gisely Galeano foi transferida imediatamente para o Hospital Cassems em Dourados. Ontem, ela morreu em decorrência das agressões.
Transplante de rim – Em dezembro de 2019, Gisely Duarte Galeano recebeu um novo rim em procedimento feito na Santa Casa de Campo Grande depois de quase três anos entre o diagnóstico da doença, tratamento e o transplante.
Em entrevista à assessoria de comunicação da Santa Casa no período em que estava internada, Gisely contou que o problema renal começou em 2017 quando ainda morava em Dourados. Ela tinha inchaços, cólicas e falta de ar constantes, mas achava ser por causa do sobrepeso.
Após voltar a morar em Ponta Porã, Gisely descobriu que tinha apenas um rim e que o órgão já estava 100% comprometido. Com o diagnóstico, Gisely iniciou tratamento e por dois anos fez hemodiálise em Ponta Porã e Dourados. A paciente contou após a cirurgia na Capital que durante o tratamento surgiu oportunidade de fazer o transplante em São Paulo, mas o procedimento foi descartado por causa do alto custo.
“Quando meus familiares souberam, minha prima se dispôs a doar. Uma amiga me falou da Santa Casa, ela tinha transplantado aqui e disse para eu tentar e assim eu fiz”, contou ela. “A ligação que recebi da doutora foi inacreditável, eu chorei muito, nem esperava. Hoje estou me sentindo viva novamente”.
Gisely completaria 36 anos no dia 2 de junho. A Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado como feminicídio majorado (praticado durante a gestação). O acusado ainda não foi preso.
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