Presa por tráfico, ex-dupla sertaneja é "caçada" por dever R$ 35 mil em aluguéis

Glaucinei e Glaucimar tinham mandado de prisão em MS por tráfico e eram procurados por calote

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A dupla alternava a ordem dos nomes nos discos e, em um deles, os irmãos se denominavam de "Menudos" do sertanejo. Foto: (Reprodução)

Os irmãos Glaucinei José Queiroz, 53 anos, e Glaucimar Queiroz Machado, 51 anos, procurados por tráfico de drogas em Aparecida do Taboado, também estavam sendo “caçados” no município pelo débito de R$ 35.672,58 de aluguéis de imóvel. Os dois, que formavam a dupla sertaneja Glaucinei e Glaucimar foram presos no interior de São Paulo.

A dupla alcançou relativo sucesso na década de 1990, com alcunha de "Os Menudos da Música Sertaneja" e foram presos em Bady Bassitt (SP), por apresentação de documento falso e no cumprimento do mandado expedido em MS. Glaucimar ainda foi flagrado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) com um quilo de cocaína.

Em Aparecida do Taboado, além do mandado expedido pela Justiça, também são parte de outra ação: a de despejo por falta de pagamento com rescisão contratual e cobrança de aluguéis de imóvel na cidade.

A ação foi proposta no dia 27 de março de 2018. Consta no processo que Glaucinei José alugou o imóvel no dia 12 de maio de 2017 por R$ 950,00, tendo como fiador o irmão, Glaucimar e a cunhada, Líbia Andrade. Também deveria arcar com 40% da conta de luz e a conta total do consumo de água.

Segundo a ação, parou de pagar o aluguel em dezembro de 2017. Ainda chegou a quitar a conta de luz, tendo crédito de R$ 157,80, abatido da dívida inicial que era de R$ 847,66. Além de pagar os aluguéis, a advogada da dona do imóvel pediu, ainda, o pagamento das contas de água, luz, honorários advocatícios. Naquela época, o débito era de R$ 8.569,56.

Na planilha de cálculo, o valor ainda seria acrescido dos meses de aluguel que vencerem durante toda a tramitação do processo até a entrega da chave do locador, além da reforma do imóvel, sendo entregue com pintura.

Em abril de 2018, o juiz da 1ª Vara da Comarca de Aparecida do Taboado, Vinícius Aguiar Milani, determinou prazo para que os irmãos apresentassem contestação ou pagassem o débito.

Entre os meses de maio e junho de 2018, um oficial de Justiça intimou Glaucimar e Líbia do processo. O processo do tráfico de drogas tramita em segredo e, por isso, não foi possível verificar qual a data do mandado de prisão que havia sido expedido e se os irmãos já eram procurados nesse período. 

Em fevereiro de 2019, a defesa de Líbia Andrade protocolou manifestação, alegando que o imóvel alugado em 2017 estava sendo reformado e que não seria possível ficar ali naquele período, já que estava grávida. A alegação é que foi combinado que pagaria apenas metade das despesas com luz. A versão foi contestada pela advogada Alyne Alves de Queiroz, que representa os proprietários, sob alegação de que não  havia qualquer acordo.

Em 10 de julho de 2020, o juiz André Ricardo decretou a rescisão do contrato e condenou os réus, de forma solidária, ao pagamento dos aluguéis e demais encargos, até a data da efetiva desocupação. Também expediu mandado de despejo, com prazo de 15 dias para desocupação voluntária. “Findo o prazo sem desocupação voluntária, autorizo o despejo compulsório, com reforço policial e arrombamento, se necessário”.

Nessa fase, a conta já estava em R$ 22.967,17. Em outubro, o juiz determinou a penhora em dinheiro e, se não fosse suficiente, de veículos livres de restrição.

A defesa de Líbia Andrade pediu a suspensão do processo, já que a dona do imóvel morreu no dia 30 de março de 2018, três dias depois que a ação foi protocolada. A família contestou e alegou que a advogada tinha nova procuração.

Desde o início do processo, apenas Líbia Andrade se manifestou e apresentou defesa. Apesar de citado, Glaucimar, marido de Líbia, nunca contestou a ação e Glaucinei nem foi encontrado para ser citado judicialmente. Entre indas e vindas na burocracia judiciária, a conta chegou já R$ 35.672,58.

A reportagem tentou contato com os advogados das partes, mas não obteve retorno para saber se o imóvel está ocupado por alguma pessoa ligada à ex-dupla sertaneja e se a conta será paga.

Irmãos - Segundo a PF (Polícia Federal) de São José, Glaucimar José foi preso no dia 26 de maio com um quilo de cocaína, em flagrante ocorrido na BR-163, em Bady Bassit (SP). No momento da prisão, chegou a apresentar documentação falsa.

No decorrer das investigações, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) surpreendeu outro irmão, Glaucinei, também em Bady Bassit. Ele tentou fugir da abordagem policial e, depois de preso, usou documento falso.

Os irmãos Glaucinei e Glaucimar já tinham sido presos por tráfico de drogas em outubro de 2009. Naquela ocasião, foram flagrados com sete quilos de cocaína em Santa Fé do Sul (SP), perto da divisa do estado com Mato Grosso do Sul. A droga foi adquirida em Corumbá, estava no tanque de combustível e seria distribuída no interior paulista.

Glaucinei e Glaucimar gravaram disco pela RGE, com destaque para as composições "Hotel barato", "Dessa vez é sério", "Eu gosto é de você" e "Quando bater a saudade". Também gravaram “A Culpa é de Nós Dois” e " Cara Complicado", a última, uma composição de Zezé Di Camargo e Fátima Leão e que foi o carro chefe do disco que ainda tinha o subtítulo "Os Menudos da Música Sertaneja". As viagens para os shows, segundo informações anteriormente divulgadas, facilitavam o tráfico de drogas.

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