Dois morrem em confronto com a PF durante operação contra tráfico de drogas pelo Aeroporto de Viracopos

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Polícia Federal fez apreensões em aviões no Aeroporto de Viracopos / Imagens: PF/Divulgação

Duas pessoas morreram em confronto com a Polícia Federal na manhã desta terça-feira (6) durante uma operação contra uma organização de tráfico internacional de drogas que tinha como base o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). O terminal é o maior do país no volume de entrada e saída de cargas por via aérea.

Foram cumpridos, até por volta de 10 h, todos os 44 mandados de busca e apreensão e 35 de prisão temporária nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Amazonas e Rio Grande do Norte. Entre as pessoas presas, estão um policial militar e um policial civil.

Segundo a investigação, um dos homens que morreram no confronto era indiciado por roubo e homicídio, enquanto que o outro não tinha nenhuma passagem. A PF informou que abriu inquérito para apurar as circunstâncias das mortes, ambas em Campinas, mas não deu detalhes sobre as circunstâncias, nem identidades e participação das pessoas mortas no esquema.

Os óbitos aconteceram nos bairros Campo Belo e Vila Singer. A polícia também não informou se houve recolhimento das armas dos suspeitos.

A operação batizada de Overload contou com o apoio das polícias Civil, Militar, Rodoviária, Receita Federal, além da corregedoria da PM. Entre os presos, há 33 homens e duas são mulheres.

A concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, que administra a estrutura, disse ao G1 que colaborou com as investigações.

Em um dos endereços investigados pela Polícia Federal, em Monte Mor (SP), foram apreendidos R$ 180 mil em dinheiro. Não foram dados detalhes da origem ilícita dos recursos.

Aliciamento de funcionários

De acordo com a investigação da PF, a organização criminosa era formada por brasileiros que ficavam responsáveis pelo fornecimento de cocaína que seria exportada para a Europa.

Além disso, o grupo aliciava funcionários que atuavam no aeroporto para que interferissem a favor da quadrilha nas atividades de logística do terminal.

As investigações começaram em fevereiro, com a apreensão, na área restrita de segurança do terminal, de 58 quilos de cocaína antes do embarque.

Depois do flagrante, a Polícia Federal mapeou a rede criminosa, identificando as respectivas lideranças, as pessoas com quem se relacionaram e o processo empregado na exportação de grande quantidades de cocaína, a partir do aeroporto, com destino ao continente europeu. A quadrilha também operava para ocultar o lucro obtido com a prática criminosa.

Ainda segundo a investigação, entre os funcionários e ex-funcionários terceirizados do aeroporto que atuam com a quadrilha estão vigilantes, operadores de tratores, coordenadores de tráfego, motoristas de viaturas, auxiliares de rampa, operadores de equipamentos e funcionários de empresas fornecedoras de refeições a tripulantes e passageiros, que eram os responsáveis pelo esquema de embarque das drogas nas aeronaves com destino ao exterior.

Operação

A Polícia Federal informou que o grupo tinha uma atuação "complexa e sofisticada", formada por três pilares:

Grupo de operadores externos: pessoas que não pertencem ao quadro de funcionários do aeroporto e eram os responsáveis pelas tratativas com investidores e traficantes estrangeiros, assim como pelo aliciamento de empregados aeroportuários;

Grupo de operadores internos: empregados aeroportuários aliciados que exercem suas atividades na área restrita de segurança, especialmente em funções que envolvam carga e descarga de aeronaves e suas movimentações;

Grupo de operadores estrangeiros: traficantes em solo europeu responsáveis pela retirada da cocaína exportada a partir do Aeroporto Internacional de Viracopos.

A organização também utilizava o dinheiro do tráfico para comprar imóveis, veículos, abrir contas bancárias em nome de terceiros, e empresas fora do país. Desde o início da investigação, em fevereiro, a Polícia Federal apreendeu 250 kg de drogas em cinco apreensões diferentes.

Mais de 200 policiais federais, 80 policiais militares e 6 policiais civis participam da operação nesta terça. O nome da força-tarefa, Overload, faz referência ao excesso de carga.

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