O crime organizado na fronteira de Corumbá com a Bolívia decidiu apostar numa modalidade de transporte de drogas, em especial a cocaína, que não era muito usual na região: o uso de “mulas” com entorpecentes no estômago para despistar a fiscalização, que não é tão intensa por falta de estrutura dos órgãos de segurança e aduaneiros para cumprir a custódia dos presos pelo período de até quatro dias.
O modus operandi se revelou com uma ação mais repressiva este ano, envolvendo a Polícia Militar, Receita Federal e Exército. Segundo se apurou, por dia passam pela fronteira pelo menos dez ônibus clandestinos e regulares transportando bolivianos para São Paulo, a maioria a serviço do tráfico. Calcula-se que por esse meio de transporte passam mais de três toneladas de cocaína por mês em direção ao centro consumidor.
Em nota divulgada nesta quarta-feira, a Receita Federal informou que as “mulas” (a maioria mulheres) engolem, em média 1,1 quilo da droga. Os números, apesar de pequenas quantidades ingeridas individualmente, “podem ultrapassar toneladas, se considerarmos o fluxo diário de ônibus”. Há informação de que essa droga abastece a Cracolândia, em São Paulo, onde há pontos de redistribuição.
Lucratividade - Em janeiro, 17 bolivianos foram presos em uma chácara na zona rural de Limeira (SP), próximo à Rodovia Luís Ometto (SP-306), na divisa com Santa Bárbara d’Oeste (SP). A operação foi realizada por agentes do 10º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), da Polícia Militar. Segundo as autoridades paulistas, as “mulas” eram levadas ao local para expelir as drogas embaladas em plástico.... veja mais em https://www.campograndenews.com.br/brasil/cidades/mulas-transportam-pelo-menos-3-toneladas-de-drogas-no-estomago-por-mes
Hotéis em Corumbá estariam sendo utilizados por brasileiros e bolivianos para engolir a droga, uma rota criminosa cada vez mais sofisticada. O valor recebido para transportar a droga chega a R$ 2,5 mil por viagem, demonstrando a lucratividade desse tipo de crime. De janeiro a março, 18 bolivianos foram presos na fronteira, dos quais 15 encaminhados ao hospital para expedir a droga, informou a Receita Federal.
Investigações revelam que algumas “mulas” estão tentando entrar com a droga pela fronteira usando outros artifícios, como a camuflagem em produtos alimentares, após expelir as capsulas do lado boliviano. Na semana passada, a Receita Federal, em ação com a Polícia Militar, apreendeu um boliviano em um táxi transportado 1,2 kg de substância análoga à pasta base de cocaína em saco plástico.
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