O ano letivo na Rede Estadual de Ensino (REE) de Mato Grosso do Sul terá início no dia 1º de março deste ano. Porém, até agora a Secretaria de Estado de Educação (SED) ainda não tem certeza se as aulas serão dadas de forma híbrida, como queria a Pasta desde o início do ano, ou se elas continuarão de forma remota.
Segundo a secretária de Educação do Estado, Maria Cecília Amendola da Motta, não há previsão de quando essa decisão será tomada, o fato é que ela deve ocorrer até sexta-feira (26).
De acordo com a titular da SED, o que impede a tomada de decisão é a reunião com o Centro de Operações de Emergências de Mato Grosso do Sul (COE-MS), que ainda não aconteceu e deve ocorrer na próxima semana.
A secretária negou que tenha pressão dos professores para a manutenção do ensino remoto.
“Eu tenho falado com vários diretores, essas reuniões pedagógicas estão indo superbem nas escolas, então não é por isso, é que tenho que ter reunião com o COE antes. Nós não vimos movimento nenhum dos diretores de escolas, falamos com o Conselho de Diretores [Condec], na verdade é o sindicato [dos professores] que está fazendo esse movimento”, afirmou Maria Cecília.
As aulas foram suspensas no dia 23 de março do ano passado, por causa da pandemia da Covid-19.
Desde esse dia as atividades passaram a ser feitas de forma remota em todas as escolas, tanto municipais quanto estaduais, de Mato Grosso do Sul. O que aconteceu até o fim do ano passado.
Para este ano, a SED havia anunciado a possibilidade de retornar com parte dos alunos para a escola já no primeiro dia. O sistema seria o híbrido, no qual 50% dos estudantes continuariam em casa e a outra metade iria para as instituições, e o revezamento entre os grupos seria feito a cada semana.
CATEGORIA
O retorno presencial não agradou aos trabalhadores da educação, que não concordam com a volta antes de serem imunizados contra a Covid-19.
De acordo com o presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), Jaime Teixeira, na segunda-feira há uma reunião marcada com a Pasta para discutir esta situação.
“Vamos exatamente para debater sobre isso, nossa posição é de que não é possível voltar as aulas presenciais sem que todos estejam vacinados, são cerca de 400 mil alunos aglomerados e isso vai facilitar a proliferação do vírus”, alega Teixeira.
Segundo o professor, o sindicato quer que as aulas sejam retomadas de forma remota, assim como foi feito na Rede Municipal de Campo Grande. “Pelo menos no decorrer do primeiro bimestre, são 60 dias, o que é esperar 60 dias para não correr riscos?”, indagou.
Conforme o sindicato, caso a posição sobre as aulas presenciais continue, haverá uma assembleia geral entre os docentes para discutir qual decisão a categoria pode tomar. A reunião está marcada para ocorrer na terça-feira, de forma remota.
“Até agora não tivemos uma reunião presencial para tratar disso com a secretaria, apenas uma virtual em janeiro e a Pasta nos disse que só na última semana ia definir, mas estamos sentindo que tem faltado debate com a categoria. Não era melhor voltar remoto e esperar até termos vacina? Não é questão de corporativismo, é questão de ser sensato”, defende Teixeira.
A categoria dos trabalhadores da educação não faz parte de nenhum dos três grupos prioritários para tomar a vacina contra o novo coronavírus, porém, o governo do Estado já afirmou ter intenção de adquirir imunizantes para englobar esses profissionais e outros servidores públicos.
BIOSSEGURANÇA
No ano passado, o governo de Mato Grosso do Sul lançou um documento com o Protocolo de Volta às Aulas, que propõe estratégias e procedimentos de retorno para as escolas.
Segundo os protocolos de biossegurança, para as atividades presenciais serão organizados horários para entrada e saída de estudantes, realizadas medidas de higienização constantes, aferição de temperatura, distribuição de cartazes informativos, uso de bebedouros só para encher garrafas e os alunos ficarão a uma distância mínima de 1,5 metro.
O uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) será obrigatório e haverá distribuição de materiais de higiene para as escolas.
Para retornar às aulas presenciais, os estudantes deverão estar no município de domicílio por mais de sete dias e cumprindo isolamento domiciliar voluntário. Os pais e responsáveis deverão ainda estar em alerta aos sinais das síndromes gripais e manter os filhos em casa caso estejam sintomáticos.
Para tanto, o Estado comprou cerca de 1,3 milhão de itens para garantir a prevenção do contágio da Covid-19 em estudantes e profissionais de educação da Rede Estadual. São termômetros, luvas, máscaras, borrifadores, álcool em gel, dispenser em totem, materiais de limpeza, entre outros.
O investimento para o retorno das aulas foi de aproximadamente R$ 3,6 milhões.
Ao todo, são 347 escolas estaduais em Mato Grosso do Sul e cerca de 200 mil alunos, além de 16 mil docentes e 5 mil técnicos administrativos.
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