Um debate que parecia apenas técnico sobre a saúde pública no Mato Grosso do Sul ganhou contornos políticos e emocionais na sessão plenária da Assembleia Legislativa na última quarta-feira (02-04).
O tema era o tratamento do câncer no Estado, mas, o que acabou no centro da discussão foi o destino das mobilizações populares — rifas, leilões e shows beneficentes — em apoio ao Hospital de Amor de Barretos, instituição referência nacional que agora está construindo uma unidade em Dourados.
O deputado Lídio Lopes usou a tribuna para elogiar os avanços recentes do Hospital do Câncer Alfredo Abrão, em Campo Grande, mas foi além: fez ressalvas consideradas como críticas diretas às campanhas em prol do Hospital de Amor de Barretos, sugerindo que o apoio da população deveria se voltar exclusivamente aos hospitais de Mato Grosso do Sul.
“O que mais vemos no Mato Grosso do Sul são campanhas para arrecadar recursos e mandar pacientes para Barretos. Um hospital que é fantástico, sim — mas lá há muita gente que banca, artistas, empresários, milionários. Enquanto isso, aqui no estado, 72% dos casos oncológicos são atendidos pelo Hospital Alfredo Abrahão”, afirmou o parlamentar.
A crítica de Lídio ganhou ainda mais peso porque ocorre justamente no momento em que o Hospital de Amor, de Barretos, expande sua atuação para Dourados, com apoio de emendas parlamentares e da sociedade civil organizada.
Aliás, o deputado Renato Câmara, que acompanha de perto a obra da nova unidade e tem histórico de atuação na saúde, tratou de responder à altura, porém, com um tom que contrastou com a tensão levantada por Lídio.
“Eu acredito que, tendo o Hospital Alfredo Abrão aqui em Campo Grande e o Hospital de Amor lá em Dourados, todos nós vamos ter uma luz. Um atendimento que possa tirar esse sentimento de que o câncer é uma sentença de morte. Porque o câncer tem cura”, observou o parlamentar douradense.
A fala de Renato, na avaliação da imprensa, foi uma tentativa de reposicionar o debate. Em vez de apontar para uma rivalidade entre instituições, ele propôs a ideia de complementaridade entre Campo Grande e Dourados. “Aliás, este poder ser uma estratégia para se ampliar o acesso ao tratamento de qualidade em todas as regiões do estado”, defendeu.
Se por um lado o deputado Lídio tenta redirecionar o foco, criticando uma prática que envolve boa parte da sociedade, Renato Câmara prefere somar esforços, apostando que há espaço para todas as instituições que trabalham com seriedade e acolhem quem precisa.
“A ideia é que as instituições ampliem e melhorem os atendimentos. A prevenção e o combate ao câncer sempre será tema tratado com responsabilidade, por isso, buscamos o envolvimento da sociedade em torno de um empreendimento que já teve a pedra fundamental lançada em Dourados. O projeto nasce grande por si só, pelo longo alcance social que proporcionará, sobretudo, pelo socorro que garantirá a pacientes não só de Dourados mas, de todo o Estado, que tanto precisam da mão amiga e terão acesso à este atendimento especializado no setor de oncologia”, reiterou Renato em entrevista à reportagem do Panorama do MS.
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