Adolescente, de 15 anos, foi estuprada por um falso pai de santo em um cemitério localizado no interior de Mato Grosso do Sul. A vítima é enteada do suspeito, que foi denunciado à polícia nesta sexta-feira (25/7).
A reportagem não revelará a cidade onde aconteceu o crime, nem nomes, para preservar a vítima, seguindo as diretrizes do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Segundo o boletim de ocorrência ao qual a reportagem teve acesso, o pai da vítima foi até a delegacia e contou que está separado da mãe de suas filhas há anos, mas uma das meninas mora com a mulher.
Recentemente, o homem soube que a ex-mulher começou a se relacionar com o pai de santo e foi informado de que ele tem abusado de sua filha. Os abusos teriam começado há cerca de dois anos e, conforme o relato do pai, a mãe da vítima tinha conhecimento dos fatos.
Pai de santo dizia que era normal dar beijo na enteada
Em contato com o Jornal Midiamax, uma testemunha informou que a mãe da vítima comentou que havia sido traída pelo companheiro com a própria filha. Depois, os abusos vieram à tona.
De acordo com o relato da testemunha, a adolescente revelou que os abusos começaram quando ela tinha entre 12 e 13 anos. Quando tinha 13 anos, a adolescente disse que o padrasto lhe deu um beijo e falou que era normal.
“Ela perguntou se era normal aquilo e ele disse: ‘Você gostou, filha? Se você gostou, está tudo bem, é normal’. Ela contou que, toda vez que tentava se livrar dele, ele parava; mas, no outro dia, aparecia novamente. Ele mexeu muito com o psicológico dela”, contou a testemunha.
Indignada, a testemunha revelou também que o suspeito levava a enteada para a escola e, no caminho, adentrava o cemitério municipal, onde cometia os abusos contra a menina.
“Ele levava ela para ir à escola e ia para o cemitério. Ele invadiu uma capela e ficava fazendo acendendo vela, colocando bebida para as entidades dele. Os próprios colaboradores do cemitério viram a cena e, inclusive, visualizaram a adolescente com o uniforme da escola. Os funcionários disseram que iriam chamar a polícia, mas ele pediu que não chamasse e, então, mandaram o homem ir embora. Ele dizia que amava a menina, que ela era namorada dele”, relatou.
Em uma das vezes que o falso pai de santo abusou da adolescente, a mãe dela descobriu e, conforme a testemunha, teria passado a usar a entidade para acobertar o crime. Outras pessoas teriam comentado sobre acionar a polícia, mas a mulher negava, alegando que isso iria prejudicá-la.
Ao Jornal Midiamax, foi revelado ainda que o pai de santo teria fornecido pílula do dia seguinte à adolescente, para que não engravidasse.
Logo que as testemunhas souberam dos abusos, informaram o pai da adolescente, que foi até a delegacia registrar boletim de ocorrência. Ele também acionou o Conselho Tutelar e aguarda decisão judicial para verificar sobre a guarda da filha.
Apesar da denúncia, testemunhas relataram que a adolescente continua morando com a mãe e o padrasto e que o casal estaria planejando ir embora da cidade.
Associação diz que providências serão tomadas
O presidente da Associação dos Povos Africanos da cidade onde ocorreu o crime disse à reportagem que recebeu o relato e não compactua com a situação.
“Não compactuamos com esses falsos profetas que utilizam a religião para cometerem crimes de abuso sexuais. Nós não camuflamos, nem abafamos esses falsos profetas que praticam crime de abuso sexual utilizando a religião”, afirmou.
Por fim, o presidente contou que irá tomar as devidas providências para que os responsáveis possam ser punidos pelos crimes.
Abuso sexual em terreiro
Esta não é a primeira vez que denúncias de abuso sexual envolvendo pai de santo são noticiadas. No último fim de semana, o Jornal Midiamax registrou que um falso pai de santo foi acusado de drogar e abusar sexualmente de três jovens e dois menores de idade em um terreiro, localizado em Campo Grande.
Já o segundo caso foi noticiado no início da semana e envolve duas mulheres. Duas irmãs de terreiro de um centro de candomblé foram até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e relataram tortura e humilhação sofridas. Elas contaram que tiveram as mãos queimadas com pólvora.
A Federação das Religiões dos Povos de Terreiro de Mato Grosso do Sul/Federação Ajô Nilê repudiou os crimes ocorridos e afirmou que os acusados de tortura e abuso sexual, em Campo Grande, não são pais de santo.
“Esse senhor em questão não é filiado a nenhuma instituição, que organize e represente, que poderia outorgar um certificado de funcionamento”, afirmou o presidente da federação, Deamir Ribeiro.
O presidente também informou que a federação repudia a ação. “Nós, como federação das Religiões dos Povos de Terreiro de MS/Federação Ajô Nilê, afirmamos que repudiamos este tipo de ação; de maneira alguma este tipo de ação ou atitude faz parte dos fundamentos das religiões de Matriz Africana”, explicou.
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