Adolescente é estuprada por falso pai de santo em cemitério no interior de Mato Grosso do Sul

Vítima é enteada do suspeito, que foi denunciado à polícia nesta sexta-feira (25), por abusos cometidos há cerca de 2 anos

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Pai de santo dizia que era normal dar beijo na enteada. Imagem ilustrativa. (Nathalia Alcântara, Arquivo)

Adolescente, de 15 anos, foi estuprada por um falso pai de santo em um cemitério localizado no interior de Mato Grosso do Sul. A vítima é enteada do suspeito, que foi denunciado à polícia nesta sexta-feira (25/7).

A reportagem não revelará a cidade onde aconteceu o crime, nem nomes, para preservar a vítima, seguindo as diretrizes do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Segundo o boletim de ocorrência ao qual a reportagem teve acesso, o pai da vítima foi até a delegacia e contou que está separado da mãe de suas filhas há anos, mas uma das meninas mora com a mulher.

Recentemente, o homem soube que a ex-mulher começou a se relacionar com o pai de santo e foi informado de que ele tem abusado de sua filha. Os abusos teriam começado há cerca de dois anos e, conforme o relato do pai, a mãe da vítima tinha conhecimento dos fatos.

Pai de santo dizia que era normal dar beijo na enteada

Em contato com o Jornal Midiamax, uma testemunha informou que a mãe da vítima comentou que havia sido traída pelo companheiro com a própria filha. Depois, os abusos vieram à tona.

De acordo com o relato da testemunha, a adolescente revelou que os abusos começaram quando ela tinha entre 12 e 13 anos. Quando tinha 13 anos, a adolescente disse que o padrasto lhe deu um beijo e falou que era normal.

“Ela perguntou se era normal aquilo e ele disse: ‘Você gostou, filha? Se você gostou, está tudo bem, é normal’. Ela contou que, toda vez que tentava se livrar dele, ele parava; mas, no outro dia, aparecia novamente. Ele mexeu muito com o psicológico dela”, contou a testemunha.

Indignada, a testemunha revelou também que o suspeito levava a enteada para a escola e, no caminho, adentrava o cemitério municipal, onde cometia os abusos contra a menina.

“Ele levava ela para ir à escola e ia para o cemitério. Ele invadiu uma capela e ficava fazendo acendendo vela, colocando bebida para as entidades dele. Os próprios colaboradores do cemitério viram a cena e, inclusive, visualizaram a adolescente com o uniforme da escola. Os funcionários disseram que iriam chamar a polícia, mas ele pediu que não chamasse e, então, mandaram o homem ir embora. Ele dizia que amava a menina, que ela era namorada dele”, relatou.

Em uma das vezes que o falso pai de santo abusou da adolescente, a mãe dela descobriu e, conforme a testemunha, teria passado a usar a entidade para acobertar o crime. Outras pessoas teriam comentado sobre acionar a polícia, mas a mulher negava, alegando que isso iria prejudicá-la.

Ao Jornal Midiamax, foi revelado ainda que o pai de santo teria fornecido pílula do dia seguinte à adolescente, para que não engravidasse.

Logo que as testemunhas souberam dos abusos, informaram o pai da adolescente, que foi até a delegacia registrar boletim de ocorrência. Ele também acionou o Conselho Tutelar e aguarda decisão judicial para verificar sobre a guarda da filha.

Apesar da denúncia, testemunhas relataram que a adolescente continua morando com a mãe e o padrasto e que o casal estaria planejando ir embora da cidade.

Associação diz que providências serão tomadas

O presidente da Associação dos Povos Africanos da cidade onde ocorreu o crime disse à reportagem que recebeu o relato e não compactua com a situação.

“Não compactuamos com esses falsos profetas que utilizam a religião para cometerem crimes de abuso sexuais. Nós não camuflamos, nem abafamos esses falsos profetas que praticam crime de abuso sexual utilizando a religião”, afirmou.

Por fim, o presidente contou que irá tomar as devidas providências para que os responsáveis possam ser punidos pelos crimes.

Abuso sexual em terreiro

Esta não é a primeira vez que denúncias de abuso sexual envolvendo pai de santo são noticiadas. No último fim de semana, o Jornal Midiamax registrou que um falso pai de santo foi acusado de drogar e abusar sexualmente de três jovens e dois menores de idade em um terreiro, localizado em Campo Grande.

Já o segundo caso foi noticiado no início da semana e envolve duas mulheres. Duas irmãs de terreiro de um centro de candomblé foram até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e relataram tortura e humilhação sofridas. Elas contaram que tiveram as mãos queimadas com pólvora.

A Federação das Religiões dos Povos de Terreiro de Mato Grosso do Sul/Federação Ajô Nilê repudiou os crimes ocorridos e afirmou que os acusados de tortura e abuso sexual, em Campo Grande, não são pais de santo.

“Esse senhor em questão não é filiado a nenhuma instituição, que organize e represente, que poderia outorgar um certificado de funcionamento”, afirmou o presidente da federação, Deamir Ribeiro.

O presidente também informou que a federação repudia a ação. “Nós, como federação das Religiões dos Povos de Terreiro de MS/Federação Ajô Nilê, afirmamos que repudiamos este tipo de ação; de maneira alguma este tipo de ação ou atitude faz parte dos fundamentos das religiões de Matriz Africana”, explicou.

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