De tornozeleira, cardiologista envia "morango do amor" com ameaça à ex

Mesmo após várias denúncias, mulher relata que o autor não cessa a perseguição

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Marca de mordida nas costas da vítima quando ela ainda morava no Maranhão (Foto: Reprodução)

Mesmo usando tornozeleira, médico cardiologista continua perseguindo e importunando a ex-esposa. Denunciado diversas vezes por violência doméstica contra a mulher com quem tem duas filhas, o homem chegou a enviar no último fim de semana um “morango do amor” para a vítima e uma mensagem a culpando pelo monitoramento.

O casal viveu junto por sete anos e, há um ano, está separados. Porém, desde que saiu de casa, o ex-marido a persegue e ameaça. Ela teve medida protetiva deferida pela Justiça em maio do ano passado e, ao ser notificado, ele foi até a casa da vítima para ameaçá-la. Um vídeo mostra o autor em frente ao portão.

Logo depois, ele teve a prisão preventiva decretada, mas foi convertida em monitoramento por tornozeleira eletrônica. Porém, o equipamento não foi o suficiente para cessar a violência. Tanto é que ele seguiu enviando mensagens ameaçando a vítima e no último dia 27 de julho enviou o doce para a ex-esposa.

Junto com o doce, o médico também encaminhou uma mensagem culpando pelo uso da tornozeleira. “Desejo-te tudo de melhor e mandei o morango do amor para te mostrar que mesmo você fazendo tudo isso, eu te desejo o melhor para sua vida”. Inclusive, vídeo de câmera de segurança mostra o homem em frente à casa da vítima em maio deste ano.

A vítima entrou com pedido de indenização por dano moral contra o médico. Na ação ela descreve os anos de violência que viveu ao lado do homem e pede a fixação de 50 salários mínimos para reparação de tudo o que sofreu.

Relação conturbada  – O casal se conheceu em Imperatriz  (MA), em abril de 2017 e viveu em regime de união estável até dezembro de 2021, quando decidiram se casar. Porém acabaram se separando em julho do ano passado, por conta dos abusos físicos e psicológicos, bem como das agressões verbais e violência patrimonial.

A mulher já vivia em situação de violência doméstica no Maranhão. Em outubro de 2021, ela registrou boletim de ocorrência descrevendo que havia sido agredida com socos na cabeça e tapas no rosto, seguidos de ameaças de morte. Ela chegou a sair de casa, mas depois de várias promessas voltou com o homem.

Depois da oficialização do casamento em dezembro daquele ano o casal se mudou para a capital sul-mato-grossense, onde as agressões continuaram. Em abril de 2022, a vítima procurou a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) depois ser agredida e ameaçada.

Segundo o relato, as brigas eram constantes entre o casal e na frente da filha e enteada que ficavam assustadas e com medo.  As agressões verbais começaram logo após a vítima deixar o emprego para cuidar das crianças. A separação aconteceu em julho de 2024 após o cardiologista a expulsar de casa com as filhas e a roupa do corpo. No entanto, ele continuou ameaçando e perseguindo a mulher.

Em mensagens, o cardiologista chamou a vítima de prostituta e a acusou de aplicar o golpe da barriga. Ele também disse à filha que a mulher é descontrolada e que ela acabou com tudo o que ele tinha.

“Maldita hora que pisei nessa terra e te conheci. Você fez um inferno na minha vida, acabou com os sonhos que eu tinha. Para que fui ficar com o peso nas minhas costas, sustentando esse peso (...) você é um fardo. Você quer viver de pensão, é isso que você quer”, diz parte da mensagem.

O Campo Grande News encaminhou mensagem para o CRM (Conselho Regional de Medicina), que informou que ainda não recebeu nenhuma denúncia relacionada ao caso que envolva infrações ao Código de Ética Médica. Destacou, ainda, que situações de cunho exclusivamente cível ou criminal, sem vínculo com o exercício profissional, não são de competência do órgão, que atua apenas no campo ético da medicina.

A defesa da vítima já pediu novamente a prisão preventiva do médico. O caso tramita na 4ª Vara de Violência Doméstica e familiar. Não foi encontrado contato da defesa do cardiologista, mas o espaço segue aberto.

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