Fruto símbolo de Mato Grosso do Sul, a guavira possui potencialidades para ser um dos propulsores da bioeconomia no Estado, conectando a agricultura familiar às inovações tecnológicas e à otimização da produção orgânica de alimentos. Essa foi a avaliação feita nesta terça-feira (29), pelo deputado Renato Câmara (MDB), durante o 2º Seminário Estadual da Guavira.
O evento, realizado no anfiteatro do Complexo Multiuso Dercir Ribeiro da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, mobilizou pesquisadores, professores, acadêmicos de diversas instituições, empreendedores do agronegócio, produtores rurais e ambientalistas para debater novas perspectivas de desenvolvimento da cadeia produtiva da guavira.
Autor do projeto de lei que transformou a guavira em fruto símbolo do Estado, Renato Câmara destacou a importância do seminário para o incremento da fruta nas áreas de ciência, tecnologia, inovação e empreendedorismo no Estado, estimulando a realização de estudos técnico-científicos de produção e preservação genética da guavira, o cultivo sustentável e a geração de novos produtos a partir deste fruto típico do cerrado.
“Por meio de uma visão estratégica, nosso Estado pode construir um ambiente favorável para que ciência e meio ambiente caminhem juntos. Esse é um evento gerado por um trabalho de várias mãos e que mostra o potencial da pesquisa, da produção e do beneficiamento desse fruto que virou símbolo por uma proposição nossa. Vemos as cadeias produtivas se formando para que a bioeconomia se fortaleça. É uma característica que precisa avançar muito e eventos como esse, onde temos discussão técnica e a participação de todos os setores, são o caminho para isso”, enfatizou o deputado.
Já o reitor da UFMS, Marcelo Turini, fez questão de enfatizar a relevância da troca de experiências e das parcerias institucionais para desenvolver a cadeia produtiva da guavira em MS. “Temos na UFMS grupos que já trabalham há bastante tempo com os frutos nativos e reforçamos aqui o nosso papel de gerar pesquisas aplicadas, fortalecendo o desenvolvimento da sociedade. Temos como foco a bioeconomia e vemos como nosso Estado tem despertado para a geração de empregos e riqueza com esses frutos, por meio do conhecimento, da tecnologia e da inovação. Parabenizo a organização do evento, agradeço a todas as instituições envolvidas pela parceria no incentivo à produção da guavira e demais frutos”, disse o reitor
Representante da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), Ana Tereza Gomes Pereira da Fiocruz, ressaltou que a saúde humana é indissociável da saúde ambiental. “Propostas como essa contribuem para a promoção em saúde, precisamos da cadeia produtiva, de uma matéria prima de qualidade, de técnicas agrícolas sustentáveis e da colaboração de uma rede de pesquisadores para que avancemos e no futuro cheguemos a um produto para uso quem sabe na saúde humana também”, afirmou.
O analista do Sebrae MS Vitor Farias também destacou a importância da parceria e enfatizou que atualmente o Sebrae desenvolve projetos voltados para o fortalecimento da cadeia produtiva da bioeconomia, contemplando desde o extrativista ou produtor rural até a grande indústria e comércio que comercializa essa matéria prima. “Todos os biomas do cerrado e pantanal estão sendo trabalhados, aplicamos técnicas de gestão e melhoramento do processo produtivo e fazemos o encaminhamento para o mercado. Trouxemos para o evento alguns dos produtores que atendemos para comercializarem seus produtos e o Sebrae MS segue apoiando a Universidade e as outras instituições de pesquisa em eventos como esse, para o fortalecimento da bioeconomia”, relatou.
A agricultura familiar Elida Martins marcou presença no seminário. Ela, que já trabalha com a guavira há 12 anos, contou que o fruto é bastante aceito na região onde reside, em Bonito. “Os turistas também ficam curiosos, querem conhecer o sabor da guavira. Mas ela tem um sabor único, só experimentando mesmo para saber. Para nós produtores da agricultura sustentável é muito bom participar de um evento como esse porque trazemos nossos produtos para comercializar, divulgamos nosso trabalho, e aqueles que não conhecem experimentam, gostam e acabam ajudando a preservar o fruto”, disse a representante do projeto Pé da Serra, do assentamento Santa Lúcia.
BIOECONOMIA
A bioeconomia pode ser definida como uma economia em que os pilares básicos de produção são derivados de recursos biológicos renováveis. Nessa “nova” economia, a agricultura tem papel central não somente na produção de alimentos, mas também na produção de novos fármacos, fibras, produtos industriais e energia. Aproveitar todo o potencial das biomassas utilizadas como matérias-primas, do produto principal a seus resíduos, da melhor maneira possível, está na base da bioeconomia.
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