Em menos de três meses, oito pessoas morreram afogadas no Rio Aquidauana, em Mato Grosso do Sul. Os casos ocorreram nos municípios de Rochedo, Terenos e Aquidauana. O último foi registrado neste fim de semana após o barco do turista de São Paulo, Marcos Rosa Tolentino, 56 anos, virar e ele desaparecer nas águas. O corpo do paulista foi encontrado na manhã desta segunda-feira (9)
O turista despareceu em Aquidauana, após o barco onde ele estava virar por volta das 15h30 de sábado (7). O Corpo de Bombeiros foi acionado e deu início às buscas. Segundo informações, o homem estava perto da Cachoeira do Campo em um barco com outras duas pessoas. A embarcação virou e a vítima sumiu nas águas. Ele vestia uma calça jeans e bota. O dono do barco escutou os gritos e tentou ajudar.
O piloto e o filho de Marcos conseguiram sair da água. O homem morava em Mirassol, interior de São Paulo e estaria com a família visitando a região de Aquidauana. O filho da vítima disse aos bombeiros que ele entrou em um poço fundo do rio e acabou se afogando. No momento do acidente, ele fazia algumas fotos da paisagem. O corpo de Marcos foi localizado nesta manhã, após quase três dias de buscas.
Desgaste físico é a principal causa de mortes por afogamentos, explicou o tenente do Corpo de Bombeiros, Paulo Lima, em entrevista ao Campo Grande News no dia 21 de novembro.
O Corpo de Bombeiros informou que os meses que mais ocorreram afogamentos em 2024, foi outubro (9), novembro e fevereiro (8), setembro e março (6). Ainda foi informado que a faixa etária mais atendida é entre os 16 e 20 anos e de 66 anos para mais. Enquanto em 2023, foram atendidos 70 afogamentos, sendo os maiores números de ocorrências registradas em setembro (12), janeiro (10), novembro (9) e outubro e dezembro (8).
Segundo o tenente do Corpo de Bombeiros, a maioria dos afogamentos atendidos pelos militares ocorrem em balneários, rios e em piscinas. Sendo que no caso das piscinas, a maioria das vítimas são crianças “por falta de supervisão ou por ainda estarem aprendendo a nadar”.
Enquanto nos rios, as vítimas se afogam por não saber nadar ou pela ingestão de bebidas alcoólicas e “acabam criando coragem para entrar no rio”.
Ordem cronológica – No dia 1º de outubro o piloto de um barco, 45 anos, que não teve o nome divulgado, morreu ao se desequilibrar e cair no rio, em Aquidauana. O Corpo de Bombeiros foi acionado e ao chegarem no local na região da Ponte de Ferro, a equipe deu início às buscas. Pelo nível da água estar abaixo do normal e o trecho ser cheio de pedras, não foi possível ações da equipe de mergulho.
Com isso, foram feitas manobras de superfície para que as águas do rio se movessem e, então, o corpo da vítima foi encontrado. As informações iniciais são de que o homem parou o barco para urinar e acabou se desequilibrando. Ele era piloto da embarcação, segundo um dos ocupantes.
Já no dia 6 do mesmo mês, uma jovem de 26 anos, identificada como Adria de Souza Santana, morreu no hospital após se afogar no mesmo rio. O acidente aconteceu na região do distrito de Piraputanga, na cidade a 141 quilômetros de Campo Grande.
A informação chegou ao Campo Grande News pelo professor de Educação Física Ronaldo Maja Junior, 39 anos. À reportagem, ele contou que mora na Capital e estava a passeio com a família quando ficou sabendo que a mulher estava se afogando e ajudou a retirá-la do rio. “Paramos para almoçar no restaurante que tem bem na frente do ponto onde ela estava. Estávamos eu, minha esposa, meu enteado e meu sobrinho e eles queriam ir ver o rio, mas a moça do restaurante disse que a mulher havia se afogado. Como eles estavam já do outro lado do rio, eu atravessei para ajudá-la e quase me afoguei também”, disse o professor.
Segundo ele, ao chegar ele tentou fazer manobras de reanimação na mulher que aparentava ter engolido muita água, mas ela continuou inconsciente. Equipe do Corpo de Bombeiros foi acionada e outros rapazes que estavam no local a levaram até às margens para ser colocada na viatura.
Adria foi encaminhada para atendimento médico em Aquidauana, mas acabou não resistindo e morrendo no hospital. Ronaldo ainda relatou que outro rapaz que estava no local era namorado da vítima e disse que ela havia entrado no rio para salvar o filho, mas acabou se afogando. “Tentei fazer o máximo que pude. Mas infelizmente ela veio a óbito. Liguei no hospital e eles me disseram que ela morreu. Fica aquela sensação de impotência de não conseguir salvar uma vida”, explicou Ronaldo.
No dia 15 de outubro, morreu afogado o pescador Valdemir do Carmo Américo, de 63 anos, após a embarcação que ele estava virar no rio, na região do Itaju Eco Hotel, a 20 km do centro de Aquidauana.
Testemunhas contaram que Valdemir estava na embarcação com o pai, de 91 anos, e outro pescador, de 65 anos. Ele fisgou um peixe e, ao tentar tirá-lo da água, se desequilibrou, bateu a cabeça no barco, que virou. Conforme o site O Pantaneiro, os outros dois homens conseguiram resgatar Valdemir, mas ele já estava sem vida. Os demais ocupantes da embarcação não sofreram ferimentos.
O último caso registrado em outubro foi a morte de um homem que não teve o nome divulgado. O corpo dele foi encontrado no dia 31, após cair nas águas na noite anterior, enquanto pescava no rio.
A suspeita é de que a vítima tenha passado mal e caído no rio. As buscas pelo corpo começaram ainda durante a noite e encerraram na manhã seguinte, quando a equipe de mergulhadores do Corpo de Bombeiros o localizou próximo à Cachoeira do Campo.
No mês passado, Maikon Felipe Torqueti Lopes, de 24 anos, morreu, após se afogar no rio, na tarde de domingo (24), em Rochedo, distante 83 quilômetros de Campo Grande. Conforme boletim de ocorrência, a vítima morava em na Capital e estava acompanhada de amigos. Por volta das 14h, o grupo chegou à cachoeira e, enquanto algumas pessoas estavam às margens do rio, notaram que o jovem estava na água.
Ainda no registro policial, a testemunha informou que ninguém ingeriu bebida alcoólica e não soube dizer se Maikon sabia nadar. Ao notar que o jovem estava se afogando, alguns amigos tentaram resgatá-lo, mas por conta da força da correnteza, a vítima desapareceu na água, sendo encontrada 1 km à frente, já sem vida.
No início de dezembro, Adhan Wender da Silva Oliveira, 28 anos, também morreu afogado após desaparecer no rio. O corpo do rapaz foi localizado a 600 metros do local onde sumiu. No dia do fato, a namorada da vítima tentou salvá-lo com o auxílio de uma boia. O caso ocorreu no domingo (1º), em Rochedo.
Jovem de 19 anos, identificado apenas como Kenedy, desapareceu na quinta-feira (5), em Terenos, após se afogar no rio. O caso aconteceu na região da Ponte do Grego. Conforme boletim de ocorrência, a vítima estava acompanhada de mais dois amigos. Eles viram uma cachoeira mais adiante, e decidiram ir até ela a nado. Durante a travessia, o rapaz começou a ter dificuldades para continuar o percurso e resolveu voltar.
Entretanto, acabou se afogando, afundou na água e desapareceu. O responsável pelo pesqueiro onde os jovens estavam foi avisado e chamou o Corpo de Bombeiros.
Quando os militares chegaram ao local, não conseguiram seguir nos trabalhos de busca devido à escuridão da noite e a forte correnteza. Os brigadistas permaneceram no local para tentar localizar o corpo na manhã seguinte.
Rio Aquidauana – O Rio Aquidauana é um curso de água que banha Mato Grosso do Sul e nasce na serra de Maracaju, percorrendo uma extensão de 620 quilômetros até se juntar ao Rio Miranda, a 100 quilômetros de sua foz, no Rio Paraguai.
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.