Órgãos de controle e fiscalização do Paraguai identificaram a empresa responsável pela carga de açúcar que escondia quatro toneladas de cocaína, apreendidas na segunda-feira (15) no Porto Caacupemí, no Rio Paraguai. Essa é a maior apreensão de cocaína feita em território paraguaio em todos os tempos.
Segundo a Direção Nacional de Ingressos Tributários, órgão federal equivalente à Receita Federal brasileira, a carga de açúcar pertence à empresa Chokukue S.A.
Fundada em 2018 por dois empresários, a empresa informa em sua página na internet que atua na produção e distribuição de carvão vegetal, arroz, soja e outros grãos.
Em 2019, a empresa chegou a ser investigada por suspeita de tráfico de drogas, mas o caso foi arquivado por falta de provas. Depois, ficou inativa e foi reativada em 2024.
O titular da Direção Nacional de Ingressos Tributários, Óscar Orué, informou em entrevista à rádio ABC Cardinal que a mesma empresa havia enviado outra carga lícita de açúcar para a Europa há duas semanas. Autoridades paraguaias acreditam que a primeira remessa teria sido um teste, para saber se poderiam enviar a droga na segunda carga.
Na sexta-feira (12), quatro contêineres da empresa Chokukue, aparentemente carregados com açúcar, foram levados de caminhão ao porto, nos arredores da capital Asunción. O carregamento seria embarcado em navio na segunda-feira (15), com destino ao porto de Antuérpia, na Bélgica.
Entretanto, o esquema já vinha sendo monitorado pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) e na segunda-feira de manhã, com ajuda de cães farejadores, os agentes encontraram a cocaína dentro dos fardos de açúcar em um dos contêineres. O trabalho de vistoria nos outros três durou o dia todo ontem e foi retomado hoje, mas até agora a Senad não informou se havia mais droga.
Conforme a Senad, oficialmente os fardos continham 35 quilos de açúcar, mas dentro de cada um havia um pacote, com 25 quilos de cocaína pura.
Na noite desta terça-feira (16), um dos motoristas que levaram a carga ao porto, Juan de La Cruz Galeano Mieres, 39, foi preso em Luque, na região metropolitana de Asunción. Em 2015, ele havia sido preso na Argentina com 121 quilos de maconha no carro em que viajava com a família.
Facções brasileiras – Em entrevista hoje de manhã, o ministro-chefe da Senad, Jalil Rachid, não quis revelar detalhes das investigações, se limitando a informar que a carga está ligada ao crime organizado.
Perguntado se as facções brasileiras Comando Vermelho e PCC (Primeiro Comando da Capital) – com forte atuação em território paraguaio – estariam por trás do carregamento recorde, Rachid disse que a estrutura tem vários componentes, estrangeiros e paraguaios.
Entretanto, há forte suspeita de envolvimento de facções brasileiras, especialmente o PCC, que usa o Paraguai como entreposto da cocaína trazida da Bolívia e do Peru e destinada à Europa.
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