Mulheres no tráfico: 64% das detentas em Mato Grosso do Sul foram pegas com drogas

Das 879 mulheres presas em Mato Grosso do Sul, 703 estão ali pelo crime de tráfico de drogas

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O projeto atende, em média, 20 internas por sessão. Imagem: (Divulgação Agepen)

Mato Grosso do Sul tem 18,2 mil pessoas presas, tanto no regime fechado como no semiaberto, além de 3,2 mil monitoradas por tornozeleira eletrônica. Tanto se fala nos presos, mas e as mulheres presas? Por quais crimes estão ali?

Segundo dados da Agepen (Agência Estadual do Sistema Penitenciário), atualmente são 879 mulheres presas no regime fechado, 218 no semiaberto e 418 monitoradas com tornozeleira eletrônica. Destas, a maioria se encontra em Campo Grande, sendo 427 detentas nos dois regimes fechado e semiaberto.

Dentro desses dois regimes, os dados mostram que a maioria (703) está ali por tráfico de drogas, sendo 64% das detentas.

Outras 112 se encontram encarceradas por cometer homicídio, 94 por roubo, 40 por furto e 148 por outros motivos não detalhados.

Campo Grande

Em Campo Grande há o estabelecimento penal feminino Irmã Irma Zorzi, a qual comporta atualmente 138 condenadas por tráfico de drogas e 58 processadas pelo mesmo crime.

Segundo a diretora do presídio, Mari Jane Boleti Carrilho, no estabelecimento, apesar do grande número de mulheres presas, há vários projetos e atividades para trazer essas mulheres para a ressocialização, como por exemplo, 59 delas estão matriculadas entre o ensino fundamental, médio e superior.

Outras 116 presas concluíram cursos de capacitação de janeiro a setembro 2024. Já 111 detentas trabalham remindo pena.

Todo mês há diversas palestras alusivas às campanhas de ordem nacional. Além disso, no Irmã Irma Zorzi, por exemplo, hoje atuam cinco grupos religiosos, como Gestar X Maternar, projeto de confecção de perucas, de customização de material de contrafação, projeto da creche, projeto crescer/motivacional, Vida Boa/Bola de Neve, projetos voltados à saúde mental, além de prática desportiva para presas com comodidades e projeto do escritório social da Agepen.

Na pandemia, as reeducandas produziram máscaras e lixeiras personalizadas para carros. O trabalho é resultado da parceria com a AACC (Associação dos Amigos das Crianças com Câncer), que já realizou também a confecção de cobertores, conjuntos de pijamas infanto-juvenil e enfeites para festa junina promovida pela associação.

Em troca, além da satisfação, elas recebem remição da pena: a cada três dias do serviço realizado, um dia é diminuído do total da pena a ser cumprida, como estabelece a LEP (Lei de Execução Penal).

“É um trabalho que a gente faz pra levar proteção para essas crianças. E a gente se sente muito útil em ajudar que elas tenham esse cuidado, nesse momento tão difícil de pandemia que o mundo todo está enfrentando”, comentou na época Flora Flores, uma das reeducandas que atuam na produção.

Em julho, as detentas participaram do projeto “Conversas com Cinema”. Idealizada pela cineasta Geiciane Feitosa, a iniciativa exibe filmes e curtas-metragens brasileiros, promovendo acolhimento e reflexão através da sétima arte.

O projeto atende, em média, 20 internas por sessão.

“Vi um potencial muito grande para as internas conhecerem como funciona o cinema. Então, escrevemos um projeto para ser beneficiado pela “Lei Paulo Gustavo”, de incentivo à cultura, junto com meu colega de profissão Lukas do Nascimento. Com essa verba, compramos materiais necessários e pagamos a participação de convidados”, detalha.

Uma das beneficiadas pelo projeto, de 56 anos, encontrou força para cumprir sua pena através das iniciativas oferecidas. “Temos vários cursos aqui e a orientação das servidoras. Esse projeto do cinema traz um incentivo pra gente. Quando participamos, percebemos que somos importantes para a sociedade também”, afirma.

Interior

Em agosto deste ano, por exemplo, detentas do Estabelecimento Penal Feminino de São Gabriel do Oeste participaram de uma atividade em celebração à campanha Agosto Lilás. Houve uma palestra com o objetivo de promover conscientização e oferecer apoio.

Durante a sessão, as reeducandas receberam informações sobre programas de proteção, medidas protetivas e serviços de apoio disponíveis para vítimas de violência.

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