Mato Grosso do Sul apreendeu mais de R$ 371 milhões em 2018 em cigarros contrabandeados do Paraguai, segundo um levantamento realizado pelo FNCP (Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade). O valor corresponde a 27% do montante apreendido em estradas brasileiras.
No ranking dos Estados com mais apreensões, Mato Grosso do Sul lidera com mais de 1,5 milhão de maços de cigarros apreendidos, seguido pelo Paraná (1,3 mi) e São Paulo (895 mil). No país, o consumo de cigarros paraguaios superou o nacional - 54%.
Para Edson Vismona, presidente do FNCP, isso mostra que o país ainda perde a guerra para o crime organizado. “Em 2018, a soma dos gastos com a saúde e educação foi de R$ 208 bilhões, quase o mesmo valor que o Brasil perdeu por conta do mercado movido pelo crime. A sociedade brasileira não pode mais continuar convivendo com essa realidade”, afirma Vismona.
Além da evasão fiscal, as fronteiras são invadidas por quadrilhas de criminosos contrabandistas com produtos que não se submetem às regras e exigências fitossanitárias do Brasil, que impactam negativamente na capacidade de investimento do país, desemprego e afeta a cadeia produtiva da indústria nacional
Além dos problemas econômicos, os cigarros paraguaios são mais nocivos à saúde dos usuários do que os cigarros nacionais. É o que revela uma pesquisa da Universidade Estadual de Ponta Grossa que encontrou nesta mercadoria: pelos de animais, terra, areia vestígios de plásticos, restos de insetos, colônias de fungos, ácaros e metais cancerígenos como chumbo, cádmio, níquel, cromo e manganês.
Um dado mostra que algumas marcas contrabandeadas têm quantidade de chumbo 116 superior à encontrada nas que são vendidas legalmente no Brasil. Outro exemplo é a quantidade de nicotina de um cigarro paraguaio ser de dez a 20 vezes superior do produto nacional.
Dinheiro Alto!
O principal motivador para o avanço do contrabando é a vantagem econômica que esta atividade traz, causada em primeiro lugar pela alta disparidade tributária em relação ao Paraguai, principal fornecedor de mercadorias contrabandeadas para o Brasil.
Vismona aponta que, apesar dos números negativos, o país se encontra em um momento positivo para a redução do mercado ilegal. “Os presidentes eleitos recentemente no Brasil e no Paraguai já deram declarações públicas de que vão enfrentar essa o contrabando e o crime organizado nas fronteiras, e de que desejam atuar conjuntamente para solucionar o problema. Acreditamos que esse é o caminho correto, que vai trazer ganhos para toda a América do Sul”, afirma.
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