Em período de alta temperatura e maior ocorrência de chuva, os escorpiões saem da toca à procura de alimentos. Assim, todo cuidado é pouco e as orientações principais são manter o ambiente limpo, limpar caixas de gordura, controlar baratas e, em caso de ferroada, procurar um médico imediatamente.
Na terça-feira (28/10), a estudante Larissa Corrêa de Oliveira, de 20 anos, passou por um susto ao mexer na mochila. Ela estava na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) quando notou um escorpião escondido dentro da bolsa.
Além disso, na quinta-feira (30), a GCZ (Gerência de Controle de Zoonoses) – antigo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) – encontrou dezenas de escorpiões mortos guardados ao longo de seis meses por moradora. “É um sinal de que o ambiente está ideal para a proliferação, e o risco de acidentes é altíssimo”, explica a GCZ.
Período e local propício
No período quente e chuvoso, eles aumentam a reprodução e a procura por alimentos. “A maior frequência ocorre à noite, pois é um animal de hábito noturno. Durante o dia ele procura se manter escondido”, explica o Coordenador de Vigilância em Saúde Ambiental e Toxicológica e do Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica), Karyston Machado.
Eles se escondem em ambientes sem limpeza, com acúmulo de entulhos e umidade. “É importante manter o terreno limpo. Se for necessário guardar materiais, que fiquem elevados do solo. Em lotes abandonados e terrenos baldios também é comum encontrá-los”, explica Karyston.
Além disso, principalmente em apartamentos, os animais peçonhentos podem esconderem-se dentro sapatos ou no meio de roupas. “Antes de calçar ou vestir, verificar se não há escorpiões dentro. Evitar guardar roupas debaixo do tanque, pois eles podem se abrigar nelas”. Inclusive, morar em prédio alto não é passe livre para as ferroadas. “Eles conseguem subir pela tubulação. A incidência é menor, mas pode acontecer”, diz.
Mate a presa antes dele
Além disso, como os escorpiões se alimentam de pequenos insetos, principalmente baratas, outra forma de prevenção é eliminar possíveis presas. “Eles preferem redes de esgoto e caixas de gordura, onde há alimento”, diz o especialista. Assim, combater baratas também é eficaz para evitar escorpiões.
Além disso, a orientação é manter tudo bem fechado. “Dentro de casa, manter os ralos fechados: depois do banho, fechar o ralo e após lavar a louça, também”, orienta Karyston. Além disso, também é recomendável lavar a caixa de esgoto ao menos duas vezes por ano e utilizar protetores de porta.
Se não houver tampas adequadas para fechar ralos, qualquer material plástico pode impedir a passagem de escorpiões e outros insetos. “Colocar uma sacolinha entre a tampa e o ralo, até um saco de arroz ou feijão“, explica o Coordenador de Vigilância em Saúde Ambiental e Toxicológica.
Pode matar com inseticida?
O escorpião é muito resistente a produtos químicos, ou seja, inseticidas dificilmente são eficazes para resolver o problema. “Alguns produtos apenas repelem e dificultam o acesso, como a aplicação de um pouco de água sanitária no ralo — isso ajuda a mantê-lo na tubulação, mas não o mata”, explica Karyston Machado.
Porém, o uso inadequado de produtos químicos pode até piorar a situação. “Pode ter efeito contrário, desalojando o animal e fazendo com que ele entre na casa”. Por exemplo, se você identifica que há escorpiões em um determinado local, aplicar veneno lá pode fazer com que o animal passe a circular pela casa.
“O mais eficiente é a ação mecânica, como tampar o ralo. Medidas mecânicas são mais eficazes do que químicas no combate ao escorpião”, esclarece o especialista.
Encontrei um escorpião, e agora?
Nunca manipule um escorpião com as próprias mãos, seja vivo ou morto. Primeiro, com segurança, mate o animal. Depois, utilize uma pinça ou outro material para guardá-lo em um pote com álcool e, se for um problema recorrente, avisar às autoridades. Em Campo Grande, a orientação é ligar à GCZ.
“Alguns simulam estar mortos, mas apenas ficam imóveis. Mesmo morto, o ideal é evitar o toque. Se o contato ocorrer logo após a morte, pode haver intoxicação leve pelo veneno fresco”, orienta Karyston Machado. Por isso, a recomendação é utilizar objetos, como pinças.
Inclusive, o animal pode picar mais de uma vez. As abelhas por exemplo, morrem depois de ferroar, mas os escorpiões não. “Ele utiliza o ferrão como mecanismo de defesa ou para imobilizar presas. Pode picar e inocular veneno mais de uma vez. Todo cuidado é pouco”, explica o especialista.
Qual espécie é pior?
Segundo Karyston Machado, as espécies mais comuns no estado são o escorpião-amarelo (Tityus serrulatus) e o escorpião-preto (Tityus confluens). “O Tityus serrulatus (amarelo) apresenta maior risco devido à potencialidade do seu veneno”.
No entanto, não é recomendável que a população tente identificar espécies, porque a manipulação de escorpiões causa risco de acidentes. “Caso encontre um escorpião, é importante eliminá-lo para evitar acidentes. Se houver aparições frequentes, deve-se entrar em contato com os órgãos responsáveis do município para receber orientação”, resume Karyston Machado.
Fui ferroado, e agora?
No local da ferroada, fica um ponto avermelhado, semelhante a uma picada de mosquito, mas a dor é intensa, especialmente na primeira hora. “A recomendação é lavar o local com água e sabão e procurar atendimento médico imediatamente. Não se deve fazer torniquete nem sugar o local, isso não funciona“, afirma o coordenador do Ciatox, Karyston Machado.
Animais domésticos e crianças podem ser ferroadas, mas não perceberem o escorpião. Neste caso, a dor intensa é sinal de alerta. “Se o desconforto e choro persistir por mais de 10 ou 20 minutos, deve-se procurar uma clínica veterinária, no caso de pets, e uma unidade de saúde, no caso de crianças”, diz. Além disso, também é recomendável procurar por pontos avermelhados no corpo do animal ou criança.







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