No traçado das várzeas do Rio Ivinhema, uma decisão política virou história. E resistência.
Em 1998, quando preservação ainda não era pauta de todos, o então deputado estadual Nelito Câmara teve a visão de transformar um território ameaçado em política pública permanente. Foi dele a articulação, a defesa e a autoria que criaram o Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, uma unidade de conservação que protege mais de 73 mil hectares de biodiversidade no Mato Grosso do Sul.
O parque não nasceu por acaso. Nasceu da convicção de que desenvolvimento e meio ambiente não são escolhas opostas. Nasceu da coragem política de Nelito, que entendeu, antes de muitos, que proteger as várzeas do Rio Ivinhema era proteger a própria vida.
À esquerda, Renato Câmara, atual presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Ao lado, seu pai, Nelito Câmara, idealizador e articulador político da criação do Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema.
Mais de duas décadas depois, esse compromisso se tornou legado — e atravessa gerações. Hoje, quem carrega essa bandeira é o deputado estadual Renato Câmara, filho de Nelito, e atual presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
Se o pai abriu uma trilha em tempos de resistência ambiental, Renato hoje tem a missão de ampliar essa trilha num tempo onde a emergência climática não permite mais neutralidade.
E ele explica, com dados, o que isso significa:
“O Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema é um exemplo de como a conservação ambiental beneficia diretamente a sociedade. Um parque preservado mantém a biodiversidade, protege espécies ameaçadas, mas também gera efeitos que vão muito além. As florestas ajudam na regulação do ciclo da água, na formação de chuvas e na proteção dos rios. É uma verdadeira fábrica de água. As áreas de várzea funcionam como berçário natural de espécies aquáticas, além de filtrar sedimentos, purificar a água e amortecer os efeitos de enchentes. Segundo dados do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) e do próprio Plano de Manejo do parque, essas áreas contribuem diretamente para a qualidade do ar, do solo e da água. Quando protegemos o parque, estamos protegendo as nascentes, os rios, a fauna e, principalmente, garantindo segurança hídrica para a população. Um parque preservado significa mais chuva, mais equilíbrio climático, mais vida e, inclusive, mais desenvolvimento sustentável para a região, seja por meio do turismo, da pesquisa científica ou da geração de empregos verdes. Isso é desenvolvimento de verdade.”
E no mês em que se celebra o Dia Nacional da Mata Atlântica, a história do Parque do Ivinhema é um lembrete claro de que nenhuma conquista ambiental nasce do acaso. Ela nasce do enfrentamento, da visão, da escolha — e do compromisso que atravessa gerações.
O parque hoje é mais que floresta, mais que várzea, mais que Cerrado, mais que Pantanal. É símbolo. É legado. É uma política pública que virou paisagem, biodiversidade, vida.
E que segue viva porque alguém, lá atrás, decidiu que deveria sobreviver.
E alguém, hoje, escolhe que assim continue.
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