Facilidades nas transações têm feito criminosos 'migrarem' para golpes online, diz delegado

Redes, Tecnologia e Pix

Cb image default

Somente nesta semana, dez casos de estelionato foram registrados na Depac de Dourados - Crédito: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil/Arquivo

Fatores como os avanços tecnológicos, acesso cada vez mais comum a ferramentas criadas a partir da inteligência artificial, aliada a facilidade e rapidez nas transações financeiras, têm impulsionado o aumento de golpes.

As histórias são semelhantes, mas com artifícios, mutações e adequações visando captar informações, se aproximar, ludibriar a vítima e aumentar captações financeiras.

Entre segunda-feira (17/7) e a parte da manhã desta quinta-feira (20/7), foram dez crimes de estelionato registrados somente na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Dourados, sem contar as outras delegacia ou casos que porventura não tenham sido disponibilizados à imprensa através do sistema da Polícia Civil.

Delegado Demerval Neto, do 1° Distrito Policial de Dourados, afirma que diversas investigações para apuração deste tipo de crime estão em andamento e que tem percebido um aumento de relatos de vítimas de golpes na cidade nos últimos meses.

Além disso, o delegado também chamou atenção para o que chamou de “especialização” e “aprimoramento” das artimanhas usadas pelos golpistas.

“Os grupos criminosos estão se especializando na prática deste tipo de conduta. Ocorre até uma migração de criminosos que atuavam em outros setores para a prática deste tipo de crime considerando a facilidade que eles possuem”, explicou em entrevista concedida ao Dourados News.

As investigações, envolvendo diversos setores da segurança pública, apontam ainda que geralmente os golpistas não estão sequer aqui na cidade. Geralmente estão em outros estados da federação.

Inteligência artificial

Entre os principais fatores apontados para tentar explicar o aumento crimes de estelionatos, Demerval cita a disseminação de informações e conteúdo pessoal nas redes sociais, mas cita como novos elementos o uso do PIX e também da inteligência artificial em favor dos bandidos.

Como exemplo, o delegado cita casos de criação de vídeos com montagens de pessoas falando e incentivando outros usuários de redes sociais a investir em supostas instituições financeiras.

Os grupos criminosos necessitam apenas de uma foto e algum áudio o que permite até a imitação exata da voz de qualquer pessoa. “As vítimas assistem o vídeo e pensam que é a própria pessoa, dona do perfil hackeado, falando”.

Outro elemento importante apontado pelo delegado Demerval é o uso do PIX, ferramenta de transação instantânea de valores, criada para facilitar compras e vendas.

“Mas, ao mesmo tempo, tem proporcionado certo risco, pois o PIX não tem como ser revertido. O dinheiro cai na conta destino imediatamente”, disse.

Falso mediador

Entre os mais variados tipos de crimes, como fraudes eletrônicas, estelionatários se passando por funcionário banco, tem se destacada a incidência do golpe do “falso mediador”, muito comum nas compras e vendas de veículos.

No início desta semana um morador na rua Manoel Santiago, bairro Jardim Ipiranga, em Dourados, chegou a perder cerca de R$ 17 mil, ao ser vítima deste crime, no qual uma pessoa se passou de mediador de anúncio de venda de carro.

Ontem (19/7), por volta das 9 horas, mais uma pessoa em Dourados caiu no golpe do falso mediador, transferindo mais de R$ 6 mil através do PIX em conta desconhecida.

Mais golpes

O Dourados News publicou na segunda-feira (17/7) matéria contabilizando prejuízo total de mais de R$ 28 mil a douradenses através de levantamento feito apenas em um dia na Depac.

Registros mais recentes, entre terça (18/7) e esta quinta-feira (20/7), na mesma delegacia, trazem denúncias de vítimas que perderam dinheiro, enganadas por anúncios de investimentos; compras com cartão sem conhecimento do titular; cobrança de taxa por falso empréstimo.

São citados ainda golpes aplicados a partir de falso investimento em perfil de rede social, sempre com promessas de retornos ‘astronômicos’.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.