Com apenas 1 ano e quatro meses de vida, o pequeno Anthony Davi tem vivido semanas difíceis desde que engoliu três parafusos e uma moeda de 10 centavos. O bebê, inicialmente, foi diagnosticado com pneumonia, após realizar outro raio-x os pais foram avisados dos objetos no estômago. “É angustiante”, descreve sua família.
Para o Campo Grande News, Ismael da Silva Rocha, de 21 anos, contou que não sabe como o filho encontrou os objetos e nem em que data ele os engoliu. “A gente não desconfiava de nada, lá em casa a gente não usa nada disso”, disse.
Junto de sua mulher, Ismael levou o filho à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) durante a noite do dia 26 de dezembro, quando a criança começou a passar mal. No local foi realizado um raio-X, mas a médica que atendeu o bebê deu diagnóstico de pneumonia e os mandou para casa com uma receita para tratar a criança.
No dia 30 de dezembro, Anthony continuou passando mal e a família retornou à UPA. No local foi feito outro raio-X, mas dessa vez o diagnóstico foi outro. A médica que atendeu a criança na segunda vez verificou que havia “corpos estranhos” no estômago do bebê. Desta vez, os pais saíram com um encaminhamento para realizar endoscopia no Hospital Regional de Campo Grande.
Ao chegar no HR, a criança teve de fazer um jejum de 8 horas para realizar o exame. Porém, Ismael relata que ao fim das 8h houve troca de plantão e a nova equipe se negou a realizar o exame. Segundo o informado, foi alegado que os objetos seriam eliminados pelas fezes.
Apenas no dia 2 de janeiro, após receber outro encaminhamento, Anthony passou pelo procedimento no hospital. “Eles liberaram a gente para ir para casa e, passado alguns dias, ele ficou ruim de novo. Nós decidimos levar ele para bater um raio-x de novo e descobrimos que ainda havia dois parafusos na barriga dele”, contou.
Na UPA, a família recebeu um novo encaminhamento para realizar endoscopia no Hospital Regional. Porém, o pai relata que dessa vez o procedimento não foi realizado. Ismael ainda explica que como o parafuso desceu, não há mais como realizar a endoscopia.
Duas semanas depois que Anthony começou a passar mal e após uma semana de internação, o quadro clínico da criança piorou nesta quarta-feira (8). Nesta manhã, a criança amanheceu com sangramento na boca. E no início da tarde, o sangramento intenso começou a ocorrer no ânus.
“Começou a sangrar agora, mas falaram que não era para se preocupar, mas o sangramento é muito forte e nós estamos nessa situação. [...] Eles querem que a gente espere mais dias, sete dias, oito dias, para depois fazer alguma coisa”, detalhou.
Outra reclamação realizada pelo pai é em relação à visita do pediatra, que ocorre apenas uma vez por dia. Na ausência do médio, são os enfermeiros que têm cuidado e observado a criança.
“O restante do dia fica à mercê dos enfermeiros. Só que os enfermeiros não podem encaminhar nada, não podem encaminhar para a cirurgia, eles vão passar a informação apenas na manhã seguinte para o médico. O menino vai ficar a tarde e a noite sangrando para só no outro dia o médico vir olhar”, desabafou.
A preocupação da família é que essa situação pode ajudar a agravar mais o quadro do bebê. Ainda é relatado o receio de que os parafusos tenham perfurado o estômago de Anthony e, por causa disso, ele desenvolva alguma infecção.
Para a reportagem, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) informou que durante a primeira passagem de Anthony pela UPA ocorreu no dia 29 de dezembro. Conforme relatado em nota, para a médica foram informados que eram sintomas respiratórios. “não sendo identificado no Raio-x realizado nenhum corpo estranho que pudesse ter sido ingerido”, complementa a nota.
A secretaria ainda afirma que no dia seguinte, 30 de dezembro, a criança retornou, mas dessa vez foi dito que o bebê havia engolido uma moeda. “Em 1º de janeiro o paciente retornou novamente à unidade de saúde, dessa vez com a queixa de que teria engolido parafusos, sendo, novamente, encaminhado ao Hospital Regional”.
No dia 5 de janeiro, foi registrado pela Sesau que os pais de Anthony o levaram novamente à UPA. Dessa vez relatando que a criança estava com mal estar após realizar endoscopia. “Dessa forma, a Secretaria Municipal de Saúde reforça que todos os atendimentos necessários ao paciente foram realizados de forma protocolar, não havendo desassistência para com a criança por parte dos profissionais da rede municipal de saúde”, encerra a nota.
O Hospital Regional, por meio de nota, explicou que "em respeito a todos os envolvidos, ao sigilo legal dos prontuários médicos e à Lei Geral de Proteção de Dados, o hospital não se pronuncia sobre casos específicos".
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