Em três anos, cerca de 8,4 mil pessoas foram resgatadas em situações análogas à escravidão. Deste total, 335 são de outros países, no qual, Mato Grosso do Sul e São Paulo estão na lista dos que mais envolveram trabalhadores não nacionais.
Paraguaia é a principal nacionalidade envolvida em contextos de exploração laboral (228), seguida pela venezuelana (64) e, em terceiro lugar, a boliviana (44).
As informações constam no “Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas”, lançado pela Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, com base nos anos de 2021 a 2023.
“O setor com maior número de trabalhadores resgatados, todos paraguaios, foi o de cultivo da mandioca em São Paulo e Mato Grosso do Sul”, diz o relatório sem citar números específicos para cada região. Depois, foram resgatados mais no setor de madeireira, em Santa Catarina; e confecção de artigos de vestuário, em São Paulo.
Do total de 8,4 mil, 80% (6.754) são negras; 18% (1.497) brancas e 2% (148) indígenas. Foram identificados 7.115 homens e 1.133 mulheres.
A maior parte dos resgatados (3.162) se concentra na faixa de 18 a 29 anos. Foram contabilizados também 205 possíveis vítimas menores de 18 anos.
“Temos um desafio muito grande ali no Mato Grosso do Sul. A questão indígena é urgente e premente em todo o Brasil, porém no Mato Grosso do Sul você tem um grande povo Guarani-Kaiowá desterritorializado desde a guerra do Paraguai", pontuou a pesquisa.
O relatório explica onde este grupo é mais usado. "(...) foram desterritorializados, concentrados na pequena reserva indígena Dourados, ali é um depósito de gente sujeito a todo tipo de exploração, subjugação inclusive por pessoas do próprio grupo. (...) Eles são usados nas colheitas sazonais do Brasil. Primeiro na cana, depois na uva, na colheita da maçã".
O relatório também expõe dados sobre tráfico de pessoas, no Brasil, a principal finalidade para o tráfico de pessoas é o da exploração laboral. De acordo com o relatório, foram registrados 94 inquéritos dessa natureza.
Deste total, 50 foram por trabalho escravo; 25 por exploração sexual; oito de adoção ilegal, outros oito para servidão e três de remoção de órgãos.
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