Neste sábado (16/8), a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul realiza em Campo Grande o mutirão nacional “Meu Pai Tem Nome”, voltado ao reconhecimento de paternidade. A ação, que também acontece em Dourados, Três Lagoas e Corumbá, vai até o meio-dia, com atendimentos gratuitos para coleta de DNA, reconhecimento socioafetivo e homoafetivo, além de encaminhamentos jurídicos.
Um mutirão que materializa um esforço institucional, mas, para quem chega, significa mais: é a tentativa de costurar um vazio que começa no nome e se estende pela vida. Na Capital, antes mesmo das portas se abrirem às 8h, já havia fila.
Uma das primeiras foi Jhenifer Epifânio, 28 anos, com o bebê de 7 meses no colo. Ela chegou às 5h40. “Acho importante que ela tenha o nome do pai, tanto pelo apoio emocional quanto pela ajuda financeira. Ele já visitou algumas vezes, mas precisa da prova para assumir de vez”, contou, lembrando que até agora a filha só tem o registro no nome da mãe.
Histórias como a de Jhenifer se repetem. Ariane Balbino, 31, trouxe no olhar a mesma busca: dar ao filho o direito ao reconhecimento. O relacionamento havia terminado quando estava grávida de apenas um mês. “É importante ter o nome do pai porque ele também tem que assumir a responsabilidade”, resumiu.
Um jovem casal, ele com 24 e ela com 22, preferiu não se identificar, mas aceitou falar. Não estão juntos, mas ele reconhece a filha. Ainda assim, quis aproveitar o mutirão para fazer o exame de DNA, já que o valor mais barato encontrado em clínicas era de R$ 400. “Aqui temos a chance de comprovar e oficializar sem esse peso financeiro”, explicou.
Segundo a Defensoria, o mutirão chega ao quarto ano de realização, com cerca de 300 pessoas inscritas em Mato Grosso do Sul nesta edição. Só em Campo Grande, foram 1.836 pedidos de reconhecimento de paternidade em 2025 até julho. No Estado, anualmente, são abertos mais de 14 mil pedidos de pensão alimentícia e 3.250 de reconhecimento de paternidade.
O problema começa no cartório: no Brasil, 460 crianças são registradas diariamente sem o nome do pai. Em Mato Grosso do Sul, foram 15 mil registros sem paternidade nos últimos cinco anos, uma média de 3 mil por ano, ou 8 por dia, o que equivale a um registro a cada 3 horas.
Durante o mutirão, equipes do Instituto de Análises Laboratoriais Forenses realizam a coleta de sangue para exames de DNA, cujo resultado deve sair em até 10 dias. Quem não conseguiu se cadastrar previamente também pode comparecer, para ao menos registrar a demanda e ser chamado futuramente.
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